O Papa Francisco recebeu no dia 25 de maio de 2024, no Vaticano, trezentos médicos de Medicina Geral e Familiar como parte da campanha “Obrigado, Doutor!”, uma iniciativa global lançada em novembro de 2023 que é promovida pela SOMOS Community Care e pela Federação Nacional das Ordens de Médicos Cirurgiões e Dentistas (FNOMCeO), em colaboração com a Academia Pontifícia para a Vida. A campanha tem como objetivo sublinhar a importância dos cuidados de saúde primários.
Numa audiência em que estavam presentes Ramon Tallaj, fundador da SOMOS, e o Monsenhor Vincenzo Paglia, Presidente da Academia Pontifícia para a Vida, o Papa Francisco explicou a reflexão dos últimos dias, “sobre a importância de reavaliar o papel e a presença, no âmbito sanitário e social, do médico de família”, “figura fundamental, que combina competência e proximidade”. Além do cuidar, inerente ao médico, suportado no acesso a terapêuticas “que eram inimagináveis até há algumas décadas”, temos em primeiro lugar “um encontro humano, feito de cuidado, proximidade e escuta e esta é a missão do médico de família”. “Quando estamos doentes, procuramos no médico, além do profissional competente, uma presença amiga com quem possamos contar, que nos dê confiança na recuperação e que, mesmo quando isso não é possível (…) continua a olhar-nos nos olhos e a assistir-nos, até ao fim”, definiu.
Do médico de família, presente e próximo, realçou “a dimensão comunitária do cuidado”, que exige a contextualização familiar e social. O trabalho do Médico de Família, especialmente quando se trata de pessoas idosas e frágeis, beneficia aqueles de quem cuida, os seus familiares e a comunidade em geral, defendeu o Sumo Pontífice explicando que o Médico de Família é “uma pessoa de ‘família’”, cuja presença fortalece as relações humanas, “fazendo do sofrimento um momento de comunhão a ser vivido em conjunto, não só para o bem do doente, mas para o bem de todos: dos que cuidam, dos familiares, da comunidade em geral”.
Recorrendo às sua memórias de infância, Francisco falou aos 300 médicos das “lembranças de ternura, de convivência com o médico de família”, recordando esse profissional que tanto visitava a sua família e tratava uma gripe, como acompanhava a gravidez da sua mãe. “Queridos amigos, o que vocês fazem é importante. Renovo a minha bênção sobre o vosso projeto e rezo por vós. E peço, por favor, que não se esqueçam de orar por mim. Obrigado!”, concluiu.
A campanha “Obrigado, doutor!” tem o apoio da União Europeia de Clínicos Gerais e Médicos de Família (UEMO), da Federação de Médicos Católicos do Mundo, do Conselho Mundial de Saúde e do Journal of Research & Applied Medicine, da Federação Nacional das Ordens dos Médicos Cirurgiões e Dentistas e já foi subscrita por mais de um milhão de pessoas de todo o mundo. As instituições aqui referidas assinaram uma Declaração para a redescoberta do Médico de Família, na qual todos os atores sociais e políticos são convidados a unir forças e a colocar a relação Médico-Doente novamente no centro dos sistemas de saúde, relançando o papel destes especialistas.
Neste encontro privado com o Sumo Pontífice estiveram presentes todos os médicos portugueses que compõem a direção da UEMO – Tiago Villanueva (Presidente), Pedro Fonte (tesoureiro) e Catarina Matias (Secretária Geral).