O bastonário da Ordem dos Médicos associou-se ao Dia Mundial da Audição, participando, no dia 3 de março, no encontro “Ouvir com Arte”, promovido pela Associação Portuguesa de Otoneurologia (APO), e que decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian.
A mesa, moderada por Júlio Isidro, juntou médicos, outros profissionais de saúde, o testemunho de um familiar de um doente e artistas. Na abertura da sessão, o apresentador começou por partilhar a sua própria experiência de surdez e o impacto que isso teve na sua vida profissional enquanto não procurou ajuda. Júlio Isidro referiu também que mais importante do que ouvir é sabermos todos escutar – o que está em declínio na sociedade.
Esta foi, aliás, uma das ideias abordadas pelo bastonário da Ordem dos Médicos na sua intervenção. Miguel Guimarães começou por dar os parabéns à organização, por ter promovido um encontro aberto à sociedade civil e aos cidadãos. “É essencial refletir sobre o que pode ser feito para melhorar a prevenção das perdas auditivas”, defendeu o bastonário, lembrando que se estima que um milhão de portugueses tenham algum tipo de perda auditiva.
O bastonário aproveitou o mote lançado por Júlio Isidro para defender que saber escutar é um dos fatores essenciais da relação médico-doente, relação essa que a Ordem dos Médicos está a tentar candidatar a Património Imaterial da Humanidade. Depois, Miguel Guimarães defendeu que para esta relação ser preservada é essencial que os médicos contem com os meios adequados para trabalhar. A título de exemplo, sobre a Otorrinolaringologia, disse que o Serviço Nacional de Saúde não está a ter capacidade de resposta, com apenas 280 dos 630 otorrinolaringologistas a trabalharem no sistema público.
Da mesma mesa, moderada por Júlio Isidro, fizeram parte Nuno Trigueiros, presidente da Associação Portuguesa de Otoneurologia, Pedro Escada, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Luísa Monteiro, presidente do Grupo de Rastreio e Intervenção da Surdez Infantil, Jorge Humberto, presidente da Associação Portuguesa de Audiologia, Catarina Cunha, mãe de um menino com problemas do foro auditivo, Fernando Tordo, cantor e compositor, e Cuca Roseta, fadista.