Ao longo dos últimos anos têm sido várias as dificuldades e os obstáculos colocados ao serviço de Ginecologia/Obstetrícia do Hospital Garcia de Orta. Mesmo em circunstâncias difíceis e sem apoio do poder político ou da própria administração do hospital, o corpo clínico fez sempre um esforço extraordinário para continuar a assegurar uma resposta de qualidade às grávidas, bebés e outras utentes deste serviço de referência na margem sul.
A Ordem dos Médicos recebeu, por isso, com consternação, a notícia da demissão, por parte do Conselho de Administração, do diretor deste serviço, muito em particular depois de todas as carências de capital humano que atravessam, e que só não tiveram mais impacto devido ao esforço de toda a equipa e ao papel congregador e aglutinador do diretor.
O bastonário da Ordem dos Médicos enviou um ofício ao Conselho de Administração do HGO, solicitando esclarecimentos. Miguel Guimarães pede ao conselho de administração que explique e fundamente a decisão de ter demitido o diretor de serviço. Ao mesmo tempo, o bastonário também pede esclarecimentos adicionais sobre o “trabalho extraordinário a que os médicos deste serviço têm estado a ser sujeitos e que violarão os limites estabelecidos na legislação”.
“Os médicos trabalham todos os dias para salvar vidas e muito para lá daquilo a que são obrigados. Isso ficou mais do que demonstrado durante esta pandemia. Mas é precisamente em nome dos doentes que não podem ser coagidos a prestar horas extraordinárias desumanas e que, mais de os impedir de compatibilizar a profissão com a vida pessoal, representam um risco para a segurança clínica”, escreve Miguel Guimarães no ofício à administração do Garcia da Orta.