O bastonário da Ordem dos Médicos marcou presença nos Açores, no dia 24 de setembro, para se associar à homenagem de reconhecimento a vários médicos que exercem e/ou exerceram na região e que “muito fizeram pelo desenvolvimento da região autónoma, com uma dedicação incansável que é digna desta justa homenagem”.
Esta iniciativa “pioneira na história da Ordem dos Médicos”, tal como explicou a presidente do Conselho Médico dos Açores, Margarida Moura, pretendeu “honrar o percurso de 49 médicos que forneceram cuidados médicos à população da região”.
“Estes médicos foram os pioneiros na introdução das diferentes especialidades médicas, pela organização de serviços clínicos altamente especializados o que permite que sejam formados novos médicos especialistas e que a população receba os melhores cuidados médicos, evitando a deslocação para o exterior”, destacou a médica na ocasião.
Miguel Guimarães salientou no seu discurso que são “as pessoas que fazem a diferença” no Serviço Regional de Saúde, tal como também acontece em Portugal continental, no Serviço Nacional de Saúde. Essa diferença tem de ser valorizada para preservar os hospitais e os cuidados de saúde primários, defendeu o representante máximo dos médicos.
Apesar dos problemas estruturais, os médicos são “verdadeiros heróis”, desde os tempos que ajudaram a construir o serviço público de saúde.
Apelando ao poder político por uma maior valorização dos médicos e dos profissionais de saúde, o bastonário sublinhou que “quem não gosta de médicos, não gosta de doentes”.
No final, ficaram palavras sentidas de agradecimentos. Tanto aos colaboradores da Ordem dos Médicos que ajudaram na organização da iniciativa, como à direção do Conselho Médico dos Açores. Mas, principalmente, aos profissionais que foram homenageados. “Este é o vosso momento. Vocês representam todos os médicos dos Açores. Obrigado pelo vosso trabalho, solidariedade e humanismo. Obrigado por tudo o que fizeram por esta região e pelo país”.
Bastonário reúne com os médicos
Um dia antes, na mesma visita de trabalho, o bastonário reuniu com dezenas de médicos para se inteirar da situação da saúde nos Açores. Isto depois de ter visitado o Centro de Saúde da Ribeira Grande.
Miguel Guimarães notou que tendo os Açores, em geral, e o concelho da Ribeira Grande, em particular, “taxas de natalidade mais altas do país”, devia ser feita “uma ponderação” para adaptar o número de utentes atribuído aos médicos de Medicina Geral e Familiar. “A lista standard está nos 1.900 utentes. Mas uma grávida exige um acompanhamento diferente, tal como as crianças até aos dois anos. Se pensarmos que uma grávida corresponde a dois utentes, essa ponderação deve ser feita pelos Açores para que fosse adaptado“, defendeu.
Sobre outros problemas, destacou, por exemplo, o atraso nos concursos para “assistente de Medicina Geral e Familiar em São Miguel” que faz com que jovens médicos estejam, desde abril, formados como especialistas, mas continuando a ser pagos como internos.
Para colmatar algumas das deficiências encontradas, o bastonário considerou que os Açores devem fazer acordos com o setor privado e social para as “respostas de saúde que o setor público não consegue dar”. “Todos os serviços devem ser centrados nas pessoas. Sem estigmas”, concluiu.