“Considero que os médicos da Região Autónoma da Madeira (RAM) têm que estar muito orgulhosos do trabalho que estão a fazer”, as palavras foram proferidas pelo bastonário Carlos Cortes na sua deslocação a esta região autónoma, uma visita marcada pela partilha de algumas preocupações mas especialmente definida pelas experiências e iniciativas positivas e que motivam os profissionais que encontramos na RAM. Nesta visita, que ainda está a decorrer, Carlos Cortes deslocou-se a várias unidades de saúde, acompanhado pelo presidente da Secção Regional do Sul da Ordem dos Médicos, Paulo Simões, por vários elementos da direção do Conselho Médico da RAM, entre os quais o neurocirugião Gil Bebiano (que preside a este conselho), a especialista em MGF, Nivalda Pereira e o cirurgião geral Ricardo Santos, e ainda por Júlio Nóbrega, diretor clínico do SESARAM. Esta deslocação contou igualmente com a presença de João Carlos Ribeiro, presidente do CNIM – Conselho Nacional do Internato Médico.
Em vários momentos, Carlos Cortes enalteceu “a perspetiva de querer inovar e fazer coisas diferentes”, que reconheceu nos colegas da Região Autónoma da Madeira onde visitou o Centro Saúde do Bom Jesus, a unidade do doente frágil no Hospital dos Marmeleiros, que é única no país, a unidade de hospitalização domiciliária e o CSCM – Centro de Simulação Clínica da Madeira que funcionam no Hospital Nélio Mendonça. Já sexta-feira a visita passou pelo futuro Hospital Central e Universitário da Madeira, que está em construção.
Ana Cristina Spínola, interna de 4º ano de MGF, que foi uma das muitas médicas que participou na reunião no Centro Saúde do Bom Jesus, explicou a necessidade de proteger os médicos do trabalho em excesso porque sem equilíbrio entre vida profissional/vida pessoal porque um profissional em burnout não é produtor de cuidados. “Pessoas mais felizes produzem mais” e geram “cuidados de saúde sustentáveis”, defendeu, alertando que em Portugal ainda se vê com um certo estigma os médicos que preferem fazer as chamadas carreiras porfolio em que se interessam por várias áreas, um tipo de carreira médica que Ana Cristina Spínola considera que deve ter uma oportunidade de construção em Portugal. “As horas em beneficio de uma causa não são sustentáveis nem salutares a longo prazo, serão sempre ‘é em prejuízo de algo’ – referiu esta jovem interna do 4º ano de MGF que pertence ao EYFDM – European Young Family Doctors Movement – Wonca.
João Carlos Ribeiro, presidente do CNIM, recordou o papel fundamental da Ordem: “Precisamos que a nossa Ordem defina standards com mínimos definidos tecnicamente”, porque nos máximos cada um dará o seu melhor; “Precisamos de uma Ordem-farol que defina esses mínimos”
“OM é composta por todos os médicos só assim é forte; Sozinho não sou absolutamente nada. Só conseguirei mudar alguma coisa com a vossa ajuda. Eu posso ir à frente, mas sozinho não. Temos que ir todos juntos”, explicou Carlos Cortes que sempre acreditou “na união” e que pretende nunca desistir de acreditar. Mas, alertou, sabendo que “queremos sempre fazer mais e melhor pelos nossos doentes”, “temos que estar bem em equilíbrio, pois se não tivermos saúde não podemos dar saúde aos outros. (…) Quero muito defender os médicos para que estejamos bem e consigamos transmitir esse bem estar aos nossos doentes” e às equipas multidisciplinares lideradas por médicos. “Gosto de diálogo e de soluções, de construir e de fazer; sempre exigente: quando houver necessidade de intervenção do bastonário estarei sempre do lado do médicos, assim como sei que estarão sempre do lado da qualidade da medicina e dos doentes”, garantiu, dando mais sentido ao que afirmou sobre o seu “querer” para a RAM: “Quero mais médicos especialistas em Portugal e tudo farei para termos mais médicos especialistas, mas com qualidade, nomeadamente aqui na Madeira. (…) Os médicos têm que estar onde os doentes precisam deles”
Nesta deslocação, o bastonário Carlos Cortes e a comitiva da OM que o acompanhou, teve ainda diversas reuniões de trabalho, nomeadamente com o Secretário Regional de Saúde e Proteção Civil da Madeira, Pedro Miguel Câmara Ramos, nas quais procurou sempre promover pontos de convergência e de aprofundamento do diálogo. Nas várias reuniões, o representante máximo dos médicos, explicou que quer ter um “mandato marcado pela proximidade”. “Quero que a intervenção da OM seja mais técnica, em ligação ao terreno, junto dos colegas, para resolver os seus problemas concretos”. Num exemplo dessa proximidade que quer imprimir, Carlos Cortes garantiu aos colegas que a Ordem e o seu bastonário serão sempre “portadores das vossas dificuldades, esperanças e expectativas” em busca de soluções.
Na tarde de dia 11 de maio, o bastonário reuniu com o grupo de médicos da USF “Rosa dos Ventos”, com vários representantes da OM, tendo procurado construir caminhos para um diálogo que permita que essa (e outras) USF possa passar de um projeto a uma realidade. Enaltecendo a visão do Coordenador Geral do ACES – SESARAM, o médico assistente graduado de Medicina Geral e Familiar, Fábio Camacho, pela sua visão e compreensão de que esse é um modelo de organização de cuidados benéfico para a população, Carlos Cortes mencionou esta temática em vários momentos da visita.
Na visita ao Centro de Simulação Clínica da Madeira, falou-se da importância desse tipo de formação para melhorar as dinâmicas do trabalho de equipa. “A simulação reduz o erro humano e salva vidas”, resumiu numa frase a anestesiologista Regina Rodrigues, que coordena esse Centro, depois de ter explicado o equipamento de ponta com o qual esta unidade está equipada.
Esta deslocação à Madeira termina esta tarde com a receção aos novos médicos internos da RAM, que terá lugar na sede deste Conselho Médico no Funchal.