O Bastonário da Ordem dos Médicos esteve na Grande Entrevista da RTP3 onde lamentou a desorganização dos serviços de saúde que impossibilita que os médicos possam tratar os doentes como gostariam: “os médicos têm tido dificuldades no seu dia-a-dia” por falta de condições de trabalho, “porque tem havido um grande desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde”. O SNS tem falta de profissionais, especialmente médicos, problema que não se resolve com o aumento da carga de horas extraordinárias. Isso é “colocar uma pressão inaceitável sobre os médicos”. A carreira médica “está desatualizada e desacreditada”, lamentou o representante máximo da Ordem dos Médicos, recordando que este foi um “elemento essencial da criação do SNS” e que a dignificação da “carreira é elemento de atratividade” e, consequente, revitalização do serviço público de saúde. Carlos Cortes defende que essa será a melhor maneira para atingir o seu objetivo: “queremos um SNS que dê resposta a todos os portugueses”. Nesta entrevista, Carlos Cortes mencionou que “a saúde não se resume aos médicos”, mas que estes profissionais “lideram uma grande equipa”. Mencionando as competências da Ordem que “são formativas e técnico-científicas”, o dirigente fez questão de frisar que os sindicatos tem o seu espaço de intervenção no qual a OM não interfere. “Os nossos governantes estão a tratar o Serviço Nacional de Saúde como faziam há 40 anos. Isso é um erro! A Medicina mudou. Os médicos mudara. Os doentes mudaram. (…) É preciso investir mais”. Questionado sobre as Unidades Locais de Saúde, o Bastonário foi perentório: “Estamos abertos a qualquer modelo”, mas “esta reforma não é nova” e o resultado das 8 ULS que existem não tem sido positivo com exceção de Matosinhos que é uma ULS urbana, portanto com características que a distinguem das restantes. “É preciso encontrar circuitos adequados”, potenciar a transformação interna desses centros de saúde e hospitais e, acima de tudo, “é preciso ter coragem de rever as formas de trabalhar”, dando “mais autonomia para contratar”, para que as unidades possam “dar respostas às necessidades da população”. Alargar o modelo das ULS de 8 para 39 pode não se traduzir em nada de positivo se essas verdadeiras mudanças de paradigma não forem implementadas, considera.