Os diretores de serviço e o diretor clínico do Centro Hospitalar de Setúbal (CHS) apresentaram ao conselho de administração uma moção onde contestam a falta de resposta às necessidades de requalificação do hospital. Está em causa a necessária passagem de nível C para nível D e a melhoria dos serviços e da qualidade assistencial, que se têm vindo a degradar, especialmente com a “sangria” de médicos que vão saindo, por reforma ou para outros projetos. O documento continha um conjunto de propostas que visam melhorar os cuidados de saúde à população e a maioria delas já eram promessas antigas da
administração do hospital e da tutela que nunca se concretizaram.
Apoiando este “grito de alerta”, o bastonário da Ordem dos Médicos reuniu com a maioria dos responsáveis clínicos do CHS no dia 26 de abril, na sede da Ordem dos Médicos, em Lisboa. Acompanhado do presidente do Conselho Regional do Sul e do presidente do Conselho Sub-regional de Setúbal, Miguel Guimarães mostrou-se disponível para ajudar em tudo o que estiver ao alcance da Ordem, apelando à união de todos neste momento difícil.
Na reunião, os diretores de serviço e de unidades voltaram a lamentar que o Centro Hospitalar de Setúbal não tenha a capacidade de gerar a atratividade necessária e não consiga renovar os quadros médicos, o que vai levar, a curtíssimo prazo, ao colapso. Consciente que a área de influência do Hospital de Setúbal abrange largos milhares de pessoas e, consequentemente, tem uma importância estratégica para a região, Miguel Guimarães referiu que a Ordem está disposta “a ir até onde for necessário” na defesa dos valores dos médicos e do interesse dos doentes. O bastonário informou os presentes que iria escrever à ministra da Saúde e ao conselho de administração do Centro hospitalar, para pressionar a obtenção das respostas que os diretores de serviço exigem.
Daniel Travancinha, presidente do Conselho Sub-regional de Setúbal, sublinhou que a reclassificação do hospital para nível D já foi “prometida há muito” e que o não cumprimento dessa necessidade “impede a introdução de especialidades ou serviços essenciais”. Já Alexandre Valentim Lourenço defendeu ser “muito importante que a visão clínica prevaleça”, em detrimento de visões que não são do interesse das populações nem dos profissionais, pelo que, garantiu, nessas circunstâncias, que “a Ordem dos Médicos estará sempre ao lado dos médicos”.
Depois da reunião, em declarações à comunicação social, Miguel Guimarães explicou que os clínicos defendem, numa primeira instância, a necessidade de remodelar e de ampliar o Hospital de São Bernardo e melhorar a capacidade de atendimento e dos cuidados prestados. “A própria senhora ministra da Saúde já reconheceu que o Hospital de Setúbal precisa de ser requalificado. Precisa de reforçar aquilo que é a qualidade de resposta a nível de recursos humanos e também de equipamentos”, reforçou.