Carlos Cortes, Bastonário da Ordem dos Médicos, Lúcio Meneses de Almeida, Presidente do Conselho Nacional de Promoção da Saúde e Sustentabilidade Ambiental da OM, Rui Marques, Coordenador Relational Lab, José Miguel Caldas de Almeida, Presidente do Lisbon Institute of Global Mental Health, Helena Almeida, Coordenadora da Comissão Humanização da ULS Amadora Sintra e Catarina Soares, Médica Especialista em MGF – USF da Baixa juntaram-se no dia 17 de julho de 2024 num webinar em que se realçaram as questões do humanismo, especificamente na vertente da construção de relações saudáveis como forma de potenciar melhores cuidados de saúde e melhores resultados em saúde.
Na organização do encontro, pretendeu-se promover o reconhecimento da Saúde Relacional como um fator de melhoria da qualidade dos serviços de saúde e como elemento fundamental para a defesa dos direitos e deveres das pessoas que integram todo o ecossistema da saúde, dos profissionais aos utilizadores dos serviços, pois a melhoria das relações é fator de redução do burnout e traduz-se numa melhoria das condições de trabalho.
Todos os intervenientes concordaram com a visão menos otimista de que estamos numam espécie de inverno relacional marcado pela falta de comunicação entre as pessoas e pelo elevado grau de litigiosidade e agressividade da sociedade. Mas a mensagem partilhada foi, na verdade, de otimismo: com mais formação e mais literacia podemos melhorar a saúde relacional quer a um nível micro quer macro. “Precisamos de organizações e comunidades em que as pessoas aprendam a lidar umas com as outras e como ser mais eficazes a construir relações significativas e positivas; porque melhores relações promovem melhor saúde e um melhor sistema de saúde. Será essa a nossa pequena grande revolução”, enquadrou Rui Marques, Coordenador Relational Lab. Rui Marques – que proferiu uma conferência sobre este tema, a anteceder o debate – enquadrou a evidência científica de que existem “déficits relacionais significativos” nas nossas sociedades, usando como exemplo os elevados níveis de conflito que se verificam, o que gera piores cuidados de saúde.
O Bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, congratulou-se por este debate, realçando que as questões do humanismo e da ética, especificamente na vertente da construção de relações saudáveis como forma de potenciar melhores cuidados de saúde e melhores resultados em saúde, são um debate fora da caixa que é preciso fazer. Porque, como bem realçou o Presidente do Conselho Nacional de Promoção da Saúde e Sustentabilidade Ambiental, Lúcio Meneses de Almeida, a saúde relacional faz efetivamente parte das determinantes em saúde.
Lúcio Meneses de Almeida que recordou que a sua especialidade – Saúde Pública – “é fora da caixa”, frisou igualmente a importância das “relações como determinante da saúde”, lembrando que “o ser humano é a maior tecnologia que temos ao dispor” para esta vertente do cuidar. “O sistema de saúde tem um papel fundamental pois quanto melhor for a relação interprofissional, melhor será a saúde dessas mesmas populações”. “A qualidade da relação gera saúde per si”.
Helena Almeida enquadrou as abordagens da sua ULS para promover uma interação saudável, mediante o trabalho que está a ser realizado pela comissão de humanização. “Todos os profissionais sentem que a saúde relacional é fundamental para funcionarmos bem”, declarou.
Caldas de Almeida realçou que na saúde relacional é fundamental “potenciar o interesse dos que lideram”, para a consciência de que “nós sem o outro não existimos”, razão pela qual “é preciso encontrar uma matriz que facilite a comunicação entre as pessoas”. “É nossa obrigação moral como seres humanos” não desistirmos de procurar ser parte da solução.
Já Catarina Soares enquadrou como o Médico de família deve garantir que as relações se coordenem bem para conseguir prestar os melhores cuidados aos utentes,
num ecossistema em que se cruzam as mais diversas vertentes relacionais, deixando a menção que é essencial formação em comunicação.
O debate foi moderado por Sofia Couto da Rocha.