Um relatório intitulado “Recursos Humanos em Saúde”, divulgado esta terça-feira, dia 28 de fevereiro, indica que aproximadamente um em cada quatro médicos tem mais de 65 anos e que 5.000 vão apresentar aposentação até 2030.
Miguel Guimarães enalteceu a importância do relatório, mas relembra que esta informação já era de conhecimento público. “A Ordem dos Médicos tem vindo a chamar à atenção do Governo, várias vezes sobre as aposentações. O estudo mostra que nos próximos 7 anos vão aposentar-se cerca de 5000 médicos, incluindo médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e médicos do setor privado. Já tivemos, anteriormente, cerca de 1000 médicos a aposentar-se num ano, principalmente, médicos que participaram no Serviço Médico à Periferia. Esta não é uma situação nova”, afirmou o bastonário.
Este relatório faz parte da cátedra em Economia da Saúde, enquadrada na iniciativa para a Equidade Social, que resulta de uma parceria entre a Fundação “la Caixa”, o BPI e a Faculdade de Ciências Económicas, Financeiras e de Gestão da Universidade Nova de Lisboa (Nova SBE).
Em declarações ao jornal Observador, o bastonário subscreveu a grandeza no número de aposentações, mas defende que a situação não é tão negativa como aparenta.
“É necessário conjugar estes dados com dois fatores. Em primeiro lugar, há de facto um número muito alto de médicos com mais de 65 anos, contudo, existem, também, muitos médicos jovens no SNS e, depois, existe um gap no meio, onde existem menos médicos”, começou por explicar. “O próprio estudo diz que entre 2030 e 2040, vão aposentar-se, em média, cerca de 250 médicos por ano. Atualmente, Portugal forma cerca de 2000 especialistas por ano, portanto, mesmo perdendo 1000 especialistas por ano, continuamos a ter mais 1000 especialistas do que aqueles que saiam.”
Miguel Guimarães acredita que existe um equilíbrio entre os médicos que vão aposentar-se e os médicos que vão formar-se, não devendo ser essa a principal preocupação da tutela.
“Nos últimos anos estamos a formar muitos médicos, um número que nunca existiu na história da medicina em Portugal. Em 2017, ano em que me tornei bastonário, existiam cerca de 1500 vagas de especialidade, e em 2022, o mapa publicado tinha 2060 vagas, aumentando quase 35%. Na prática, estão a formar-se, neste momento, um número muito confortável de especialistas paras as necessidades do país”, tranquilizou o bastonário.
Porém, o representante dos médicos relembrou que a principal questão é se estes especialistas se vão manter em Portugal e/ou no SNS.
“Eu diria que o equilíbrio global, entre médicos que se forma e médicos que se aposentam, é correto e seguro. O problema é saber se vão ser feitas as alterações necessárias no sentido de captar para o SNS, os médicos que se vão formando”, concluiu.
O relatório destaca, ainda, problemáticas relacionadas com a assimetria existente do envelhecimento no território nacional, bem como a perda de poder de compra dos médicos entre 2011 e 2022.