O bastonário da Ordem dos Médicos considera que se forem dadas as “condições adequadas” ao diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) este poderá “acrescentar melhorias”.
Miguel Guimarães destacou que o médico Fernando Araújo, anunciado na semana passada pelo ministro da Saúde como o escolhido para ser o primeiro diretor-executivo do SNS, “tem experiência na área da Saúde, conhece bem o SNS”. “Se lhe derem condições adequadas para poder exercer esta função, que é complexa, poderá acrescentar melhorias ao que neste momento existe”, considerou.
À margem de uma visita ao Centro de Saúde da Ribeira Grande, na ilha de São Miguel, nos Açores, o representante dos médicos defendeu que o Primeiro-Ministro não deve “restringir a atividade do ministro da Saúde e do diretor-executivo do SNS àquilo que foi o seu programa de Governo”, que “também têm que ser adaptados àquilo que os políticos perseguem, que é o interesse dos cidadãos”.
Miguel Guimarães disse ainda que “é importante que o Governo, de uma vez por todas comece a fazer as reformas estruturais que são necessárias para melhorar aquilo que é o acesso aos cuidados de saúde”, a par da “qualidade e segurança clínica naquilo que é o exercício da profissão, dos vários profissionais de saúde e em especial dos médicos”.
Para isso, “é fundamental rever a carreira médica”, o que deve acontecer o mais rapidamente possível”, porque, “caso contrário, vamos ter um problema grave porque há muitos médicos a deixar o SNS”.
Apesar da confiança na competência de Fernando Araújo, há várias questões por responder, tal como enumera Miguel Guimarães:
– “Será possível melhorar a forma como cuidamos os nossos doentes, respeitando e valorizando o trabalho dos médicos e profissionais de saúde?
– O orçamento e financiamento da direção executiva do SNS vão ser independentes e adequados às necessidades do país?
– A autonomia para gerir e coordenar a resposta assistencial vai ser real ou fictícia? O desejado “novo modelo de gestão” tão necessário para a eficiência do SNS será desta vez implementado?
– A descentralização de competências com adaptação às realidades locais e regionais irão conviver de forma saudável com a centralização executiva do órgão coordenador?
– E a nova carreira médica, essencial para a modernização e competitividade do SNS, terá espaço para renascer mais forte no seio do Ministério da Saúde?”