A nova fase pandémica em que Portugal se encontra, com a presença de uma nova variante e aumento exponencial do número de novas infeções diárias, exige uma adaptação ágil das normas e procedimentos definidos pelas autoridades de saúde, para melhor acompanhamento dos doentes Covid, não Covid e adesão da população ao que é necessário em cada momento. Neste contexto, o bastonário da Ordem dos Médicos e o coordenador do Gabinete de Crise para a Covid-19 recomendam:
1. Utilização do Indicador de Avaliação do Estado da Pandemia (IAP), desenvolvido pela Ordem dos Médicos e pelo Instituto Superior Técnico, para monitorizar a pandemia com coerência, compreensão e envolvimento da população, já que o IAP integra várias dimensões;
2. Reforço vacinal urgente nos vulneráveis. Há 15% das pessoas com 65 ou mais anos (que em Portugal representam cerca de 2,3 milhões de habitantes) sem reforço vacinal dos quais mais de 230.000 com mais de 70 anos;
3. Reavaliação dos períodos de isolamento e de baixa por doença ou após contacto de alto risco (e.g., 7 dias) com testagem de modo a assegurar segurança do próprio e de todos, tendo em atenção a presença de fatores de risco, estado vacinal e o impacto do absentismo laboral;
4. Reavaliação dos critérios e recursos alocados ao seguimento de doentes em ambulatório (DGS – Norma 004/2020), nomeadamente à alocação de médicos de Medicina Geral e Familiar, que compromete significativamente todas as outras atividades assistenciais (a este propósito publicamos carta enviada pelo bastonário à ministra da Saúde em julho deste ano, sem que nada tivesse sido feito https://bit.ly/3ECBXhO);
5. Disponibilizar de forma regular e transparente dados relativos aos doentes internados e aos falecidos, nomeadamente idade, comorbilidades, estado vacinal, para fundamentar decisões críticas e urgentes;
6. Alterar o sistema de informação da Direção-Geral da Saúde, no sentido de acompanhar as necessidades da população, nomeadamente com uma página de informação simples com os procedimentos a adotar pelos cidadãos infetados ou com contactos de alto risco;
7. Reforço da capacidade de resposta, nomeadamente no SNS24, nas equipas de saúde pública, nomeadamente nos rastreadores, na testagem e centros de vacinação, e ativar a resposta assistencial do sector privado e social, evitando o agravamento do impacto da pandemia nos doentes não Covid.
O bastonário da Ordem dos Médicos e o coordenador do Gabinete de Crise para a Covid-19 desejam a todos os portugueses um Ano Novo de 2022 em segurança, com muita saúde e que o empenho de todos permita, finalmente, superar a pandemia.
Lisboa, 29 de dezembro de 2021