Em conferência de imprensa no dia 8 de novembro, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães confirmou aos jornalistas o pedido de demissão do presidente do Conselho Nacional de Saúde, na sequência das suas declarações sobre reordenamento de tarefas médicas, em que Jorge Simões defendeu que os atos médicos podem ser exercidos por outros profissionais de saúde. Miguel Guimarães explicou como a Ordem manifestou de imediato o seu desagrado através de um comunicado e que este pedido de demissão surge uma semana após tais declarações, sem que tivesse havido “um desmentido público ou qualquer contacto do presidente do CNS” e frisou ainda que, à OM, compete estatutariamente defender os doentes, razão pela qual a instituição “não pode em nenhuma circunstância aceitar políticas – sejam diretamente do Ministério, sejam do CNS – contra os doentes ou contra a qualidade da medicina”. Ao Ministério, o bastonário da Ordem dos Médicos, considera que compete escolher: “se quer uma Saúde com médicos ou sem médicos”…
Na primeira entrevista que deu depois de assumir a presidência do CNS, Jorge Simões referiu que não faltam médicos no Serviço Nacional de Saúde, citando números incorretos, sugerindo que existem no SNS cerca de 40 mil médicos e que o sistema não precisa de muitos mais, mas antes de mais enfermeiros, farmacêuticos e paramédicos, quando os números reais e oficiais da própria tutela são de que existem apenas 27.313 médicos, 9.314 dos quais são médicos em formação (incluindo internos da especialidade mas também internos do ano comum), o que significa que, na verdade, o SNS tem apenas 18 mil especialistas (menos de metade de 40 mil…). Este tipo de afirmações proferidas não por um simples cidadão mas sim pelo presidente do Conselho Nacional de Saúde além de demonstrarem desconhecimento da área da Saúde e do “trabalho no terreno”, envolvem, considera Miguel Guimarães, todas as instituições que compõem esse Conselho, nas quais se inclui a Ordem dos Médicos. O bastonário referiu ainda que a greve de hoje é (apenas) uma das demonstrações do desagrado dos médicos perante as ameaças à qualidade da Medicina. “Os médicos estão completamente revoltados”, concluiu, recusando comentar questões relacionadas com o surto de legionella por estar a decorrer a devida investigação da DGS e INSA.