Durante uma conferência de imprensa que decorreu na Ordem esta semana, o Bastonário da Ordem dos Médicos alertou que “O Ministério da Saúde não pode ficar congelado” pois “infelizmente as doenças e os doentes não desaparecem com as eleições”. O Diretor Executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) não pode eximir-se das suas obrigações, alertou, assumindo uma posição crítica perante a aparente banalização dos problemas que se repetem ciclicamente no setor da saúde. Carlos Cortes foi perentório: “É preciso começar a preparar o próximo inverno. Não se pode normalizar o sofrimento! As pessoas não têm que passar por isto todos os anos”. O Ministério tem que ter capacidade para evitar estas situações de colapso no SNS por um aumento do afluxo de doentes que é perfeitamente previsível, considera Carlos Cortes. “Pessoas doentes e idosas [ou saudáveis] não podem ter que passar uma noite ao relento para ter uma consulta num centro de saúde”. “Quero que as pessoas sejam atendidas adequadamente nos serviços de urgência. (…) Esta crise é previsível todos os anos. Não podemos aceitar que não haja uma responsabilidade política”, lamentou. Responsabilidade que é acrescida quando não os detentores da pasta da saúde não mitigam o impacto da procura acrescida nos serviços de urgência e nos centros de saúde, como acontece no tempo frio que é, naturalmente, propício ao “desenvolvimento de mais infeções respiratórias, mais descompensações dos problemas crónicos e, por isso, de uma maior pressão sobre o SNS”.