O bastonário da Ordem dos Médicos recebeu, no dia 4 de maio, a distinção de “profissional do ano” pelo Rotary Club da Maia, numa cerimónia de reconhecimento a todos os médicos e restantes profissionais de saúde, pelo “serviço de mérito extremo ao nosso país” que tiveram, e continuam a ter, durante a pandemia.
Numa sessão solene, com uma lotação limitada presencialmente, mas aberta ao mundo em formato online, o presidente do Rotary Club da Maia, Vasco Freitas Silva, destacou o momento simbólico de agradecimento a todos os profissionais de saúde, pois estiveram “no olho do furacão” a lidar não só com um vírus desconhecido até então, mas, em última instância, a “defender a vida” de todos nós. “De forma competente, dedicada e com espírito de sacrifício, os profissionais de saúde têm sido incansáveis. Não só os que foram mobilizados para a pandemia, mas também os restantes, pois a saúde não começa, nem acaba, na COVID-19”, afirmou. Em representação do Rotary Club da Maia, Vasco Freitas Silva homenageou Miguel Guimarães de forma “simbólica”, em representação dos médicos e dos restantes profissionais, mas também pelo seu sentido pessoal de “humanismo e solidariedade” e pelo trabalho de “apelo à mobilização dos médicos”.
Também presente esteve o presidente da Câmara Municipal da Maia, António Domingos da Silva Tiago, que elogiou o bastonário da Ordem dos Médicos como “uma pessoa frontal, que diz o que pensa e de quem todos nós gostamos”. O autarca realçou o papel de “enorme responsabilidade” que Miguel Guimarães desempenha enquanto bastonário, “pela saúde de todos”. “Representa os médicos e representa-nos a nós que precisamos muito de uma saúde competente e responsável, disse, felicitando o homenageado que é também munícipe da cidade que dirige.
Depois da entrega do diploma de “profissional do ano”, Miguel Guimarães teve a oportunidade de endereçar algumas palavras aos médicos, ao próprio Rotary Club e a todos os que assistiam à cerimónia. O bastonário agradeceu o reconhecimento, em nome dos médicos, mas estendeu a saudação aos restantes profissionais de saúde e profissionais que “cuidaram” de todos nós, tais como os bombeiros, os polícias, as pessoas ligadas ao setor da alimentação, os cuidadores informais, entre tantos outros que “tiveram um papel notável e fizeram com que o país andasse para a frente”.
“Gostava de deixar a minha gratidão a todos os profissionais de saúde, conseguiram estar à altura de um desafio que não foi fácil”, começou por dizer Miguel Guimarães, relembrando todos os “colegas, médicos, enfermeiros e assistentes operacionais” que “chegaram a estar exaustos, a entrar em burnout e em sofrimento ético”. A diferença entre Portugal e outros países, como Itália e Espanha que, numa primeira fase, passaram por momentos muito mais complicados, foi o facto das pessoas começarem a cumprir as regras de saúde pública “muito antes de serem decretadas pelo Governo”. Este “papel humanista e solidário” é encontrado nos médicos, mas “caracteriza a sociedade portuguesa de uma forma geral”.
Miguel Guimarães deixou um louvor a todos os profissionais de saúde, também por aquilo que aconteceu de “infeliz”, nomeadamente o falecimento dos que morreram durante o combate à COVID-19. “Deixo o meu voto de louvor, pelo trabalho extraordinário que fizeram e presto uma sentida homenagem que estes profissionais e as respetivas famílias merecem”, afirmou, emocionado. Um louvor que desejou estender a todos os cidadãos que sofreram durante este período difícil, seja pela doença COVID-19, seja por outra doença que possa não ter sido tratada atempadamente.
Numa análise transversal ao que a pandemia trouxe de positivo, Miguel Guimarães destacou a atenção ao clima. “Todos percebemos que o céu estava mais limpo e que se conseguia respirar melhor”. Entender o “potencial da transformação digital” foi outra das oportunidades enunciadas, ainda que tenha de ser feita cuidadosamente, sem nunca “prejudicar a relação médico-doente” que o Papa Francisco tantas vezes já caracterizou como “o último reduto do humanismo à superfície da terra”. A liderança clínica, a maior e melhor atenção aos nossos idosos e a maior autonomia conferida às unidades hospitalares foram outros dos pontos enunciados pelo bastonário.
Já no campo do negativo, foi inevitável falar de notícias falsas, de falsas informações e dos movimentos negacionistas, bem como não foi contornável lamentar o facto da União Europeia ter demonstrado, por vezes, falta de coordenação e até de solidariedade entre Estados-Membros. Miguel Guimarães recordou que países como a Alemanha e a Áustria proibiram, numa primeira fase, que as empresas que estivessem a produzir equipamentos de proteção individual pudessem exportar para outros países europeus. A falta de atenção aos doentes “não-COVID” e o impacto negativo dos confinamentos na saúde mental dos cidadãos são outras das grandes preocupações do representante dos médicos.
“A pandemia mostrou que a saúde é tão importante que, em alturas de crise, influencia com todas as outras áreas, da economia à justiça, passando pela educação”, frisou Miguel Guimarães que terminou a sua intervenção com elogios ao coordenador da task force do plano de vacinação nacional contra a COVID-19 e com uma mensagem de esperança, afirmando acreditar que “entre junho e julho possa ser possível ter entre 60 a 65% dos portugueses vacinados”. “É preciso confiar na ciência e aceitar as vacinas que temos disponíveis”, finalizou.