Na passada quarta-feira, 9 de novembro, a Convenção Nacional da Saúde (CNS) juntou-se, na sede da Ordem dos Médicos, em Lisboa, para a apresentação do Relatório de Avaliação de Desempenho e Impacto do Sistema de Saúde (RADIS). O RADIS nasceu de um trabalho multidisciplinar, envolvendo profissionais com experiência muito relevante, com formações académicas distintas e com experiências diversas dentro do setor da saúde. Trata-se de uma ferramenta inovadora para a avaliação do sistema de saúde português. Nasce da necessidade de medir o que é feito, de maior transparência no setor e com foco na literacia da população. Miguel Guimarães, anfitrião e Chairman da CNS, destacou a relevância do RADIS, considerando ser muito necessário “medir resultados”.
“A Convenção Nacional da Saúde abriu caminho para aquilo que pode e deve ser uma nova tradição em Portugal e que tem faltado, inclusivamente da parte dos decisores políticos. Sem medir e estudar resultados não sabemos aquilo que fazemos bem ou menos bem”, afirmou o bastonário da Ordem dos Médicos.
Através dos resultados do RADIS foi possível verificar que Portugal apresenta resultados abaixo da média no investimento em cuidados preventivos, na taxa de pagamentos diretos na saúde e no salário médio dos trabalhadores, incluindo, os médicos e os profissionais de saúde. No que se refere ao investimento em cuidados preventivos, Portugal só está à frente da Grécia, do Chipre e da Eslováquia na Europa.
No discurso de encerramento da Convenção Nacional da Saúde, Miguel Guimarães deu um forte destaque à falta de investimento que é dada à literacia da população. “É papel dos médicos, dos cientistas, e dos investigadores apelarem à população, com informação credível, permitindo que a sociedade civil conheça a realidade de setores estruturantes para o país, tal como é o caso da saúde”. O anfitrião do evento reforçou, ainda, a necessidade de “criar sinergias com o setor privado e social”, sugerindo a criação de um organismo público responsável por três chavões da sociedade: “a prevenção, a literacia em saúde e a educação sobre a utilização dos sistemas de saúde em Portugal”.
A Sessão de Encerramento contou com a participação do ministro da Saúde, que destacou a grande relevância do RADIS. “Só é possível progredir com base em factos e este relatório é baseado em factos”, afirmou.
Sobre as conclusões do RADIS, Manuel Pizarro, que foi anteriormente Alto-Comissário desta Convenção, salientou as implicações relacionadas com as atuais desigualdades sociais vividas. “Temos de ter um sistema de Saúde duplamente robusto porque ele tem de lidar com um problema endémico da sociedade portuguesa: as desigualdades sociais e a pobreza. Estes indicadores são dos mais importantes na área da saúde”. O ministro reiterou, ainda, as opiniões de Miguel Guimarães sobre a falta de literacia em saúde, adicionando que as questões sociais e a pobreza acentuam mais o problema.