Atualmente, dos 59 mil dos profissionais inscritos na Ordem dos Médicos, apenas 31 mil se encontram a trabalhar no Serviço Nacional de Saúde, sendo a especialidade de Medicina Geral e Familiar a mais afetada com uma percentagem de permanência no SNS situada apenas entre os 60% e 70%. Assim sendo, não é de espantar que o número de utentes sem médico de família no país tenha subido de 730.232 no final de 2019 para 1.139.340 no final de 2021, segundo dados da Administração Central do Sistema de Saúde.
A situação mantém-se bastante grave na especialidade de Ginecologia e Obstetrícia onde apenas 897 dos 1871 médicos especialistas inscritos na Ordem, exercem a sua função no SNS, segundo os dados da Ordem dos Médicos.
Entre 2023 e 2035 deverão aposentar-se mais de 350 especialistas em ginecologia-obstetrícia, mas, ao mesmo tempo, formar-se-ão 540, de acordo com as contas feitas pelo colégio desta especialidade da Ordem dos Médicos, assim sendo o saldo seria positivo. Porém, é preciso assegurar que a maior parte destes novos especialistas ficam no SNS.
Atualmente, formam-se cerca de 45 especialistas por ano e é necessário que pelo menos 30 permaneçam no SNS. Todavia, não é esse o cenário que se tem verificado em Portugal nos últimos anos, o número de vagas que ficam por preencher nos hospitais públicos está a aumentar a passos largos, muitos jovens médicos preferem ir trabalhar para o setor privado que lhes confere melhores condições de trabalho, maiores rendimentos e uma estabilidade profissional que o SNS não é capaz de oferecer.