São 50 médicos ucranianos que vieram para Portugal em março de 2022 e, até agora, só 1 passou no exame de língua portuguesa exigido pelas universidades para reconhecimento do diploma. O bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, reuniu no dia 27 de abril de 2023 com 19 desses médicos que transmitiram as suas preocupações relativamente ao processo de integração na vida profissional ativa.
A aprendizagem da língua é, naturalmente, uma das principais preocupações nomeadamente porque estes médicos vêem-se sujeitos a uma dupla análise linguística: para o reconhecimento do curso está a ser aplicada a obrigatoriedade de 1 exame de português na Universidade, prévio à equivalência, cuja dificuldade foi reportada como muito elevada, ao que se seguirá, mais tarde, o exame de comunicação médica da OM. “Quem não tem ordenado, emprego ou apoio para deixar os filhos, como vai pagar aulas de português?”, questionaram, alertando para as dificuldades que estão a enfrentar .
No que se refere ao “tempo de processamento da Ordem dos Médicos”, há um compromisso de ser o mais célere possível. Carlos Cortes explicou que o exame da OM não é de língua portuguesa, mas sim de comunicação médica, tendo, naturalmente, diferentes exigências tal como tem diferentes objetivos. “O que se quer é que saibam comunicar com os doentes”, o que se verifica através de um exame realizado atualmente pelo Instituto Camões, numa parceria que a OM estabeleceu e que é garante da qualidade do exame realizado.
Meses de espera entre as várias etapas do processo deixam a vida profissional destes médicos em suspenso. “Da parte da OM podem contar com o nosso empenho em sensibilizar as universidades, o Conselho das Escolas Médicas e o próprio Ministro da Saúde para esta realidade. (…) Temos que ser práticos: não vejo razão para fazerem dois exames de português”, frisou Carlos Cortes, comprometendo-se com os colegas ucranianos a, no que se refere a prazos da OM e dentro do respeito pelos regulamentos, “aproximar a prova de comunicação feita pelo Instituto Camões da data em que obtenham a equivalência”.
“Estou solidário convosco. Sinto-vos como meus colegas. Lamento que estejam a ter dificuldades por razões burocráticas” das quais não compreende o sentido, afirmou, manifestando “disponibilidade total para ajudar e apoiar” estes médicos.