Entre 21 Estados-membros da União Europeia integrantes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Portugal está no grupo dos dez onde os médicos das especialidades hospitalares são os mais mal pagos desde 2006, data do início dos dados comparativos entre este grupo de países.
Entre 2006 e 2020, o salário dos médicos que exercem nos hospitais públicos portugueses foi ultrapassado pelos salários pagos na Hungria, na Estónia e na República Checa. Segundo os mesmos dados da OCDE, em 2020, Portugal encontrava-se em sexta posição, apenas com a Grécia, a Eslováquia, a Polónia, a Lituânia e a Letónia, a pagarem menos aos seus médicos.
Em valores absolutos, para 2020, os médicos especialistas em Portugal receberam em média €42.221. Entre os parceiros da moeda única, os mesmos profissionais em Espanha (€79,5 mil), em Itália (€81,5 mil) e em França (€83,9 mil) receberam o dobro dos médicos portugueses; na Finlândia (€116,2 mil), na Bélgica (€116,7 mil) e na Alemanha (€146,2 mil) receberam aproximadamente três vezes o salário pago em Portugal; nos Países Baixos (€160,9 mil) e na Irlanda (€172,9 mil) o valor recebido foi quatro vezes o português.
Com a maior diferença entre os parceiros da Zona Euro a registar-se no Luxemburgo, onde os médicos especialistas recebem em média €258,6 mil por ano. Apesar de indicador mais recente do Luxemburgo se de 2015, em termos absolutos, é seis vezes o valor pago em Portugal. No entanto, tendo em conta a diferença do custo de vida entre os dois países, baixa para quatro vezes o salário dos profissionais em Portugal.
A OCDE analisou, ainda, a relação entre o vencimento dos médicos especialistas e o salário médio de cada país. Neste indicador, Portugal é o décimo quinto no que toca à diferença entre salário dos médicos especialistas hospitalares do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e o salário médio nacional. Neste caso, o salário dos médicos especialistas a exercerem em hospitais públicos é 2,3 vezes o salário médio nacional enquanto no Luxemburgo (o primeiro classificado da tabela) é 4,2 vezes o salário médio praticado no país. Nos últimos anos, tem-se verificado uma aproximação entre o salário médio nacional e o vencimento dos médicos portugueses. Entre 2012 e 2016 registram-se cortes nos subsídios de férias e de Natal dos médicos do SNS.
Os dados apresentados pela OCDE referem-se ao rendimento médio bruto anual calculado com base no salário mensal dos médicos do SNS nas várias categorias profissionais. Inclui os subsídios de férias e de Natal para médicos com contratos a tempo inteiro. Do cálculo estão excluídos o pagamento de bónus, de complementos de trabalho aos fins de semana, trabalho noturno ou horas extraordinárias. Não inclui os rendimentos auferidos por médicos prestadores de serviços ou rendimentos complementares obtidos pela prática individual.