Os cuidados de saúde primários são a principal porta de entrada no sistema de saúde e uma área fundamental para o acompanhamento de todos os doentes nas várias fases da vida. Depois de dois anos com os médicos de família tomados pelo acompanhamento de doentes com Covid-19, e numa altura em que tem vindo a crescer o número de portugueses sem médico de família atribuído, o bastonário da Ordem do Médicos e o presidente do Colégio da Especialidade de Medicina Geral e Familiar apelam a uma revisão urgente da organização do combate à pandemia e a um reforço deste setor agora tão fragilizado.
Num documento conjunto, que pode ser consultado no site da Ordem dos Médicos, são elencadas várias medidas críticas para esta área, que permitem dar uma visão integrada do atendimento de modo a otimizar, simplificar, e eliminar redundâncias no percurso do cidadão e na sua relação com as unidades de saúde e outras instituições de serviço público.
“A pandemia não acabou e o número elevado de novos casos diários merece atenção. Mas não podemos negar que vivemos, graças à elevada taxa de vacinação, uma fase diferente da Covid-19. Por isso, não é compreensível que deixemos passar mais um dia que seja com os médicos de família ocupados com várias tarefas no âmbito da Covid-19 e com excesso de burocracia e tarefas administrativas. É essencial libertar os médicos de família para se dedicarem em pleno aos seus utentes e doentes de sempre”, defende o bastonário da Ordem dos Médicos.
“Entre outras medidas, defendemos que seja eliminada a necessidade de presença física de um médico de família nos Centros de Vacinação, dado o conhecimento atual sobre as vacinas, bastando a presença de um médico com treino em medidas de suporte de vida para avaliar e orientar as intercorrências verificadas”, reforça, por seu lado, o presidente do Colégio de Medicina Geral e Familiar, Paulo Santos.
“Precisamos de um efetivo automatismo nas declarações de isolamento, por exemplo, que continuam a registar dúvidas e constrangimentos que acabam por desembocar nos centros de saúde. Ao final de dois anos de pandemia, nem os registos estão uniformizados, mantendo duplicações de informação como as que derivam do SINAVE Med e o SINAVE Lab”, exemplifica Paulo Santos.
Orientar o percurso das pessoas nos serviços de saúde, quando necessário, com mensagens claras e simples para cada caso tipificado e facilitar o processo de autovigilância pelos doentes com protocolização dos algoritmos de severidade que implicam transição de níveis de vigilância são mais duas ideias deixadas no documento.
“Precisamos que exista uma comunicação efetiva entre as diversas estruturas do Ministério da Saúde com rigor e transparência, garantindo um discurso homogéneo e claro, incluindo a otimização das aplicações informáticas disponíveis. Isso implica também ouvir os profissionais que estão no terreno e que devem estar integrados na elaboração das normas e regulamentos”, insiste Miguel Guimarães.
Consulte o documento completo com as medidas em: https://ordemdosmedicos.pt/mgf-reforco-csp/