“Se for ao Reino Unido (…) a medicina familiar tem um nível de formação menos exigente do que a formação de médicos especialistas” – a afirmação é de Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, e foi feita numa entrevista ao Diário de Notícias. Esta afirmação demonstra o desconhecimento total de que Medicina Geral e Familiar é uma especialidade tão relevante como todas as outras e que é um dos pilares do serviço de saúde. Ao ir buscar o exemplo do Reino Unido, Manuel Heitor expôs-se ao desmentido internacional que não se fez esperar: em comunicado da British Medical Association, conforme foi amplamente noticiado pela SIC (ver a reportagem aqui: https://bit.ly/2X4CbhC) as palavras do ministro português foram desmentidas, tendo sido apresentada a explicação pormenorizada de como o trajeto académico dos médicos de Medicina Familiar britânicos é tão exigente como o dos outros especialistas. Os especialistas em MGF ingleses fazem o mesmo curso universitário dos outros ramos da medicina, complementando-o com mais dois anos de formação prática básica e, pelo menos, mais três anos de formação prática especializada, percurso que culminará posteriormente com a aprovação no Colégio da Especialidade. É, portanto, “completamente incorreto descrever a formação dos médicos de família no Reino Unido como menos exigente do que para outras especialidades médicas”.