Autor: André Nogueira Carvalho, Médico Interno de formação específica de Medicina Geral e Familiar na USF Vale do Vez
Os médicos de família deparam-se, frequentemente, com patologia musculosquelética e sequelas neurológicas, nomeadamente pós-AVC, na sua lista de utentes. Problemas esses que acarretam alterações funcionais e merecem uma intervenção adequada no sentido da otimização da qualidade de vida dos pacientes e dos seus cuidadores.
As situações clínicas em causa são, muitas vezes, crónicas, dolorosas e exigem um acompanhamento ao longo da vida por Medicina Geral e Familiar (MGF) e Medicina Física e de Reabilitação (MFR). Em virtude de não ser possível tratar todos os doentes em meio hospitalar, muitos são encaminhados para clínicas convencionadas. Estes doentes têm, frequentemente, de efetuar programas de reabilitação de forma continuada, sendo que a responsabilidade da renovação deste tratamento tem recaído sobre os médicos de família. Nesse sentido, a articulação MGF – MFR assume um papel de destaque.
De forma a diminuir o tempo despendido pelos médicos de família com estes procedimentos, e possibilitar aos pacientes um tratamento continuado até à consulta de reavaliação por MFR, deveria ser permitido aos colegas fisiatras a emissão de credenciais de tratamento com duração superior a 20 sessões/60 tratamentos. Na impossibilidade desta solução, a renovação deste tratamento deve ser feita pelo médico de família mesmo tendo em consideração os custos inerentes aos programas de reabilitação, pois o foco do médico de família deve ser sempre a prestação dos melhores cuidados e a promoção do bem-estar do seu doente.
É urgente existir uma maior partilha de informação clínica, visando a troca de experiências entre as duas especialidades para que os utentes tenham uma melhor prestação de cuidados de saúde. Nesse âmbito, deve ser fomentada a participação em grupos de trabalho onde sejam discutidas as várias patologias, no sentido de se encontrar a melhor solução para os utentes. Com uma dinâmica adequada MGF – MFR teríamos uma população mais funcional, mais ativa e com melhor qualidade de vida.