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Inquérito de Satisfação do Internato Médico – 2023

Falta de equilíbrio entre vida profissional e pessoal e de apoio à realização de atividade científica geram insatisfação dos médicos internos

O Conselho Nacional do Médico Interno (CNMI) da Ordem dos Médicos, em parceria com o Conselho Nacional do Internato Médico e a Administração Central do Sistema de Saúde, realizou, pelo terceiro ano consecutivo, o Inquérito de Satisfação do Internato Médico, com o objetivo de conhecer a satisfação dos médicos internos com a sua formação.

Embora a maioria dos médicos internos inquiridos se encontre globalmente satisfeita com o Internato Médico, são apontados como aspetos geradores de maior insatisfação a falta de apoio financeiro e/ou logístico à realização de atividade científica (1.73/4) e à participação em atividade formativa (1.81/4), além de insuficientes recursos científicos como biblioteca e acesso a literatura atualizada (2.13/4). Destaca-se ainda a pontuação negativa atribuída ao equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal (2.37/4).

O ponto de maior insatisfação manifestado, de forma global, pelos inquiridos, mantém-se a ausência no horário laboral de tempo protegido para o estudo autónomo (1.65/4), tal como se verificou nos estudos anteriores.

Pelo lado positivo, os médicos internos revelam maior satisfação com a especialidade (pontuação de 3.02/4) e com o orientador de formação (pontuação de 3.28/4). Embora seja positiva, a satisfação com o serviço de formação é mais reduzida (pontuação de 2.82/4).

“Os resultados deste inquérito apontam áreas onde é preciso agir de forma incisiva e urgente para garantir uma formação ainda mais completa e humanizada. Embora a formação médica em Portugal seja amplamente reconhecida pela sua qualidade e rigor, é crucial reforçar as condições dadas aos médicos internos, providenciando os recursos e o suporte para que continuem a crescer como profissionais,” refere Carlos Cortes, Bastonário da Ordem dos Médicos.

“Os médicos internos estão expostos a situações de grande pressão, que muitas vezes resultam em episódios de violência e problemas de saúde mental. A Ordem dos Médicos, através do seu Gabinete Nacional de Apoio ao Médico (GNAM), tem investido na prevenção e disponibiliza apoio a estes médicos, para que nunca deixem de se sentir acompanhados,” conclui Carlos Cortes.

José Durão, presidente do Conselho Nacional do Médico Interno da Ordem dos Médicos, destaca “São dados que nos preocupam sobremaneira, mas não surpreendem. Contactamos diariamente com colegas de todo o país e conhecemos a sua realidade. Este inquérito evidencia, mais uma vez, pontos críticos em diversas especialidades e serviços de formação, e abordá-los tem de ser uma prioridade das instituições, da tutela e de todos os responsáveis pela formação médica. É a sustentabilidade dos recursos humanos médicos em Portugal que está em causa.”

Os resultados completos por especialidade e por instituição, bem como por região, podem ser consultados no seguinte link.