Com o objetivo de conhecer, de forma estruturada, a satisfação dos médicos internos com a sua formação, o Conselho Nacional do Médico Interno da Ordem dos Médicos (CNMI) elaborou um inquérito cujos resultados permitem avaliar o nível de satisfação global com o Internato de Formação Especializada em Portugal, com referência ao ano de 2021.
Com um universo de mais de 2 mil respostas, o estudo permitiu extrair conclusões robustas, desde logo no que diz respeito à satisfação com o Internato Médico e com a especialidade que lhe está associada nos diferentes casos. Apesar de alguns constrangimentos, os médicos internos mostraram-se globalmente satisfeitos (4.12, numa escala de 0 a 5) com o internato médico. A satisfação expande-se também para o orientador de formação e/ou responsável de formação (4.15). Já a satisfação com o serviço de formação é mais reduzida, embora também positiva (3.57).
O principal ponto negativo é a ausência no horário laboral de tempo protegido para o estudo autónomo (1.99), um tema para o qual o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, fez questão de alertar em várias ocasiões. Outros pontos negativos prendem-se com a falta de apoio financeiro e/ou logístico à realização/participação em atividades formativas (2.55). Além da inexistência de recursos científicos, como biblioteca e acesso a literatura atualizada em qualidade suficiente para a promoção de uma formação adequada (2.77).
Relativamente à Área Médica, o ponto de menor satisfação relaciona-se com o acompanhamento adequado no Serviço de Urgência (3.5); já nas áreas de Cuidados de Saúde Primários e Saúde Pública os menores graus de satisfação encontram-se nas questões relacionadas com estágios em locais externos às unidades de formação (3.17) e (3.17) relativos à integração e formação direcionadas adequadas naqueles locais pelos médicos internos de Medicina Geral e Familiar.
O presidente do CNMI – órgão consultivo da Ordem dos Médicos –, Carlos Mendonça, apelou a que “estes resultados sejam também alvo de análise pelas entidades coordenadoras do Internato Médico em Portugal, tendo em vista a sua melhoria progressiva”. “Algumas recomendações para o futuro passam pela introdução de efetivo tempo de estudo autónomo nos programas formativos e horários de trabalho, a criação de estruturas físicas e digitais de suporte bibliográfico nas instituições de formação, a introdução de manuais de procedimentos e de mecanismos de reporte de ocorrências dirigidos aos médicos internos e o reforço dos apoios institucionais à produção científica e formação contínua”, acrescentou.
Este estudo contou com o apoio do Conselho Nacional da Ordem dos Médicos porque, tal como explicou o bastonário “o Internato Médico é a base da formação médica pós-graduada, sendo um período formativo no qual a Ordem dos Médicos desempenha um papel fundamental”. “É de particular relevância conhecer e caracterizar a realidade de quem vivencia diariamente o Internato Médico nas diversas especialidades”, frisou.
Os resultados detalhados por especialidade e por instituição podem ser consultados no site criado para o efeito, permitindo a pesquisa por região, ano de formação, género e idade.
O site está disponível em: http://inqueritos.cnmi.pt/resultados