As dificuldades de acesso ao SNS, bem como a necessidade urgente de recuperar cirurgias, exames, consultas, diagnósticos e rastreios, são algumas das principais prioridades do setor da Saúde no período pós-COVID. Ou, pelo menos, neste período em que a pandemia está relativamente controlada e numa altura em que não é possível continuar a descurar outras doenças.
Em declarações ao Fórum TSF, Miguel Guimarães realçou que “durante o ano 2020, não tivemos nenhum mês em que tivéssemos recuperado relativamente ao ano de 2019”, e em 2021, até março, também não. O bastonário da Ordem dos Médicos mostrou-se preocupado, pois para existir uma verdadeira recuperação é necessário não só atingir os níveis anteriores, mas “fazer mais do que isso”.
Admitindo que não é uma tarefa fácil, Miguel Guimarães lamentou que o SNS continue com “capital humano insuficiente” em número. “Precisamos de ter um plano verdadeiramente excecional para ir buscar os doentes que ficaram para trás. Para fazermos isso precisamos de utilizar todo o sistema de saúde”, garantiu.
Tal como noticiado no Jornal de Notícias, o Serviço Nacional de Saúde não está a conseguir escoar os milhões de consultas e milhares de cirurgias adiadas por causa da pandemia. “O programa de incentivos para recuperação da atividade assistencial permitiu realizar, entre julho e março, mais de 24 mil intervenções. Mas a produção continua abaixo e são já 68 mil os inscritos para cirurgia fora dos tempos desejáveis”.
A Miguel Guimarães preocupa, acima de tudo, “recuperar os doentes que não se sabe quem são”. No primeiro trimestre, apesar de as consultas hospitalares subsequentes terem aumentado 2%, as primeiras consultas continuam abaixo dos níveis de há um ano. Segundo dados da ACSS, ao abrigo do regime de incentivos realizaram-se, até março, 71 798 primeiras consultas hospitalares. O bastonário não tem dúvidas: “enquanto as portas dos Cuidados de Saúde Primários não estiverem totalmente abertas e o Ministério da Saúde não alocar recursos para tarefas da área COVID, libertando os médicos de família, o atraso vai ser maior”.
Ouça aqui a intervenção do bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, no Fórum TSF: