A Academia Nacional de Medicina de Portugal promoveu uma sessão, no dia 26 de novembro, onde se propôs a responder à questão sobre se faltam, ou não, médicos em Portugal.
O bastonário da Ordem dos Médicos esteve presente no debate e esclareceu: há, em Portugal, médicos em número suficiente. A escassez acontece no Serviço Nacional de Saúde (SNS) porque o mesmo “não é atrativo”. “Muitos jovens médicos não querem ficar no SNS, querem ir para o privado ou para o estrangeiro”, disse, sublinhando que Portugal tem um SNS de excelência, mas que funciona da mesma maneira do que há 42 anos.
Miguel Guimarães salientou que nos últimos 20 anos triplicou o número de estudantes de medicina, o que se reflete no número de médicos inscritos na Ordem dos Médicos. Aos dias de hoje, existem 59.697 médicos inscritos na Ordem, enquanto em 2008 eram apenas 38.932.
Sustentando a argumentação com dados do INE, o bastonário afirmou que o rácio de médicos por mil habitantes também subiu bastante em 20 anos (74%), e que no ano passado havia 5,5 médicos por mil habitantes, mais 2,4 do que há 20 anos. De acordo com dados da OCDE, Portugal é o terceiro país (em 36 que foram estudados) com mais médicos por 100 mil habitantes.
No ano passado, mais de um terço das vagas para contratar médicos recém-especialistas nas áreas hospitalares e de saúde pública para o SNS ficou por preencher. E já este ano, no último concurso de Medicina Geral e Familiar, ficaram por preencher cerca de 40% das vagas.
Miguel Guimarães mostrou que dos quase 60 mil médicos inscritos na OM, trabalham no SNS apenas 30 mil (sendo 10 mil médicos internos). Mesmo excluindo os médicos com idade de reforma (66,5 anos), há mais 17 mil médicos fora do setor público da saúde.
No debate participaram também Henrique Cyrne de Carvalho, presidente do Conselho das Escolas Médicas Portugueses, e Adalberto Campos Fernandes, ex-ministro da Saúde.