As graves carências de especialistas em Ginecologia/Obstetrícia estão a levar a que, um pouco por todo o país, se multipliquem os casos de dificuldade em completar as escalas, o que está na origem do fecho total ou parcial das urgências externas das maternidades. Hoje foram tornadas públicas as dificuldades nas 13 maternidades do norte do país. A Ordem dos Médicos já tinha alertado que as apenas 5 vagas para especialistas em Ginecologia/Obstetrícia impostas pelo Ministério da Saúde para o norte (em 45 vagas abertas este ano a nível nacional) eram manifestamente insuficientes para uma população de 3,7 milhões de pessoas, mas nada foi feito para corrigir a situação.
“O Ministério da Saúde tem sido sucessivamente alertado para os problemas pelos profissionais e pela própria Ordem dos Médicos. No entanto, parece que só aparecem a falar dos problemas quando eles surgem na comunicação social e, mesmo perante as evidências, preferem negar a realidade. Desta vez a ministra recebe uma carta de 13 diretores de serviço de hospitais do norte do país que avisam que as urgências externas das maternidades estão comprometidas já a partir de julho. Estarão todos errados como faz crer a tutela?”, questiona o bastonário, que pediu a marcação de uma reunião com os diretores de serviço de Ginecologia/Obstetrícia e Neonatologia do norte e centro do país para o dia 1 de julho, a ter lugar nas instalações do norte da Ordem dos Médicos.
Miguel Guimarães reforça que “o que está a acontecer ultrapassa os limites do aceitável e só contribui para um sentimento de insegurança indesejável” e insiste que “é necessário existir um planeamento adequado das necessidades dos serviços, ter uma organização modelar e encontrar verdadeiras soluções para os problemas e não apenas insistir na improvisação em cima do joelho”.
A Ordem dos Médicos ainda esta semana, na sequência de problemas semelhantes em Beja, Portimão e Lisboa, avançou que tem inscritos 1400 especialistas em Ginecologia e Obstetrícia com menos de 70 anos, sendo que só 850 trabalham no SNS e dois terços têm 50 anos ou mais e metade 55 anos ou mais. Seriam necessários pelo menos mais 150 especialistas para equilibrar a capacidade de resposta. A Ordem está igualmente preocupada com a deficiência existente em capital humano ao nível da neonatologia.
O bastonário manifesta o seu total apoio e solidariedade para com os diretores de serviço e todos os médicos que diariamente dão o seu melhor ao serviço da causa pública. E recorda que as más políticas de saúde, condicionadas pelas finanças, estão a ter um efeito devastador na capacidade de resposta do SNS.