Especialistas de todo o mundo estiveram no Porto, entre o passado dia 7 e 10 de março, para discutir alguns dos temas mais controversos da atualidade, com destaque para a revisão do Código de Ética Médica Internacional e a limitação à objeção de consciência dos médicos, em casos críticos, nomeadamente na interrupção voluntária da gravidez.
Rui Nunes, copresidente deste congresso e fundador e presidente da Associação Portuguesa de Bioética, relembrou que “há vários relatos de que, em alguns países menos democráticos ou com governos de extrema-direita, existe pressão para que os médicos sejam objetores de consciência, o que coloca em causa os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres”.
A Conferência esteve virada para o futuro e discutiu amplamente os aspetos éticos da e-Medicina, da inteligência artificial e da a ética ambiental, entre outras temáticas.
Presente na sessão de abertura, o bastonário da Ordem dos Médicos realçou que o mundo muda todos os dias, mas que a base dos princípios da ética médica inerente aos médicos nunca vai mudar. “Porque antes da tecnologia, existe a humanidade em si mesma”. Miguel Guimarães lamentou o conflito que se trava atualmente na Ucrânia e apelou para que “ninguém seja deixado para trás” nesta crise humanitária. “Nenhum conflito, por mais violente que seja, pode ser uma desculpa para não salvar vidas humanas. Não há valor mais alto do que a vida humana. Temos de permanecer fiéis a esse princípio”, afirmou.