Um trabalho de investigação, intitulado “COVID-19 Pandemic: Effect on Confidence Levels of Portuguese Towards People of Different Professions“, mediu a confiança dos portugueses nas várias classes profissionais em dois momentos distintos da pandemia: julho e setembro de 2020.
Os resultados mostram níveis elevados de confiança nos médicos, e noutros profissionais da área da saúde, da ciência e da educação. Já a confiança depositada na classe política baixou ao longo do curso da pandemia de COVID-19.
No estudo liderado por Miguel Ricou, professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, participaram 1.455 portugueses entre os 19 e os 79 anos (44 anos, em média), e maioritariamente do sexo feminino.
De acordo com os dados disponibilizados, os médicos são os profissionais que merecem mais confiança dos portugueses (entre 43 e 44%), seguidos pelos enfermeiros, investigadores, farmacêuticos, psicólogos, professores e educadores.
Além dos fracos resultados em relação aos políticos, a confiança nos jornalistas também sofreu um revés. “É muito fácil atribuir culpas ao mensageiro”, considerou Miguel Ricou, lembrando que as “teorias da conspiração” e fenómenos como a “desinformação” e as “‘fake news'” podem explicar estes resultados, numa altura em que o jornalismo desempenhou um papel fundamental para informar a sociedade.
Para o professor da FMUP, a solução para aumentar os níveis de confiança da população no jornalismo e na política pode passar por mais ações conjuntas envolvendo profissionais de saúde, cientistas, políticos e jornalistas, quer a nível da tomada de decisão quer da comunicação das medidas a tomar.
Este estudo teve também a participação de Helena Pereira e Sílvia Marina ambas investigadoras da FMUP/CINTESIS, bem como de Tiago Pereira, da Ordem dos Psicólogos Portugueses, e de Ricardo Picoli, da Universidade de São Paulo, no Brasil.
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