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Esmagar a 2ª onda para salvar a saúde e a economia

O Bastonário e o Gabinete de Crise para a Covid-19 da Ordem dos Médicos, na sequência das novas medidas de combate à pandemia anunciadas após o Conselho de Ministros extraordinário de 21 de novembro, vêm manifestar o seguinte:

 

1. Preocupação pelo aparecimento de sinais crescentes de saturação e fadiga pandémica na população portuguesa e de outros países europeus e as suas eventuais consequências na menor adesão às medidas preventivas e na polarização da sociedade;

2. Reforçar a necessidade de simplicidade, clareza, coerência e uniformidade nas medidas a implementar e no esclarecimento da população, essencial ao seu envolvimento;

3. Relembrar que o ECDC (European Centre for Disease Prevention and Control) já utiliza há vários meses limites diferenciados para incidências superiores a 240 novos casos por 100.000 habitantes a 14 dias, que poderiam já ter sido implementados para fundamentar decisões a nível nacional com maior antecipação e que o ECDC também diferencia limites abaixo dos 240 novos casos e por NUTS (Nomenclatura das Unidades Territoriais), em concordância com o que defendemos;

4. Propor nas zonas de risco elevado (240-480) a manutenção das medidas anteriores que serviriam de base para um modelo incremental de medidas de prevenção e controlo a aplicar nas regiões de risco muito elevado (480-960) e extremamente elevado (>960), tanto mais que as zonas de risco elevado (240-480) apresentam um valor de incidência, no mínimo, superior ao dobro do valor máximo de pico de incidência durante a 1ª onda;

5. Ao atingirmos o valor indesejável e extremamente preocupante dos 500 doentes com Covid-19 internados em UCI, com profundo impacto assistencial a nível global, reiteramos a necessidade do reforço de recursos humanos e técnicos e da efetiva coordenação a nível nacional das camas de internamento em enfermaria e medicina intensiva;

6. Equacionar a junção dos dois períodos associados aos feriados de 01 e 08 de dezembro, mais concretamente entre as 23 horas do dia 27 de novembro até às 05 horas de 09 de dezembro, de modo a evitar a circulação entre concelhos, com as exceções previstas, nomeadamente de âmbito profissional e escolar, nos 12 dias das duas pontes dos feriados de dezembro;

7. Generalizar a implementação da realização de Testes Rápidos de Antigénio (TRAg) nos doentes sintomáticos que recorrem às ADR-C e só nos casos negativos com forte suspeita clínica realizar Testes de Amplificação de Ácidos Nucleicos (TAAN), vulgo PCR. Os ganhos significativos de tempo com a utilização dos TRAg permitem um controlo imediato de focos de infeção e respetivos contactos;

8. Testar precocemente, por exemplo, com TRAg todos os contactos de alto risco no início do seu período de isolamento profilático para investigação dos contactos secundários e eventual identificação de casos índice;

9. Ponderar a realização de TRAg generalizados para rastreio de populações em zonas de risco extremamente elevado (>960) e com variação semanal crescente;

10. Dado o atraso na realização de dezenas de milhar de inquéritos epidemiológicos, reforçar efetivamente as equipas no terreno e concentrar os recursos nos novos casos para impedir a acumulação de mais inquéritos em atraso, que devem ser realizados por profissionais de saúde, devidamente habilitados e com as condições adequadas;

11. Manifestar todo a nosso apoio e solidariedade aos médicos e aos outros profissionais de saúde, que se encontram exaustos, sem períodos de descanso e sujeitos a um risco acrescido de contrair a infeção por SARS-CoV-2, de burnout e de sofrimento ético. Nunca tantos dependeram de tão poucos!

Para finalizar, relembramos que para esmagarmos a 2ª onda e salvarmos a saúde e a economia nacionais, todos, coletivamente, e cada um de nós, individualmente, somos indispensáveis para com serenidade e responsabilidade enfrentarmos e vencermos esta ameaça global.

 

Lisboa, 23 de novembro de 2020

O bastonário da Ordem dos Médicos

O Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos para a Covid-19

 

2020.11.23_NI – Esmagar a 2ª onda para salvar a saúde e a economia