O Bastonário da Ordem dos Médicos foi convidado a participar numa reunião multidisciplinar, o “Fórum Humanização” que convidava à reflexão sobre os modos de melhor acolher e cuidar na saúde.
O representante dos médicos fez uma intervenção em que abordou a Ética Médica e o Humanismo em Saúde, numa perspectiva moderna. Para essa análise, começou por frisar a ética médica e o humanismo em saúde como “pilares essenciais da prática clínica moderna” que “refletem a necessidade de equilibrar conhecimentos técnicos com valores humanos, promovendo cuidados centrados no doente/pessoa”. Valores que estão presentes desde os primeiros códigos éticos, como o Juramento de Hipócrates, que estabeleceu princípios básicos como não-maleficência, até ao século XX, com o desenvolvimento de códigos éticos modernos e o surgimento da bioética como disciplina, recordou. Carlos Cortes enalteceu os princípios fundamentais da Ética Médica – autonomia, beneficência, não-maleficência, e, sobretudo, a justiça, com a distribuição equitativa dos recursos de saúde e tratamento justo a todos.
É nesse “forte compromisso com o cuidado e bem-estar do doente/pessoa” assumido no Juramento de Hipócrates, que se estabelecem as bases da abordagem humanista na relação médico-doente. Um “juramento que enfatiza o respeito pela autonomia e consentimento informado do paciente”, o que se traduz no empenho do médico em envolver o doente nas decisões sobre seu tratamento, respeitando as suas preferências e valores.
Ao longo da reflexão, abordou-se o papel da escuta ativa no contexto da tomada de decisão compartilhada, o suporte emocional durante o processo de cuidado, a inclusão familiar, concluindo com a identificação das vantagens da promoção de relações médico-doente mais humanizadas: níveis de satisfação maiores, com sentimento de valorização e respeito por parte dos doentes, e a consequente maior adesão ao tratamento, maior compreensão e confiança, redução do stress e ansiedade e melhores resultados.