Miguel Guimarães discursou, na sessão de encerramento do 24º. Congresso Nacional da Ordem dos Médicos, com palavras centradas na solução dos principais problemas que a saúde em Portugal atravessa atualmente. “Reconciliar o Serviço Nacional de Saúde com as pessoas” é uma prioridade. O bastonário realçou que “não podemos deixar ninguém para trás sem acesso a cuidados”, frisando que o “SNS não pode continuar a funcionar da mesma forma que funcionava há 42 anos, especialmente num mundo globalizado, onde a Europa e o sistema privado competem diretamente no recrutamento dos nossos recursos humanos.
Ao secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, que esteve presente na cerimónia, o representante dos médicos voltou a mostrar a disponibilidade da Ordem dos Médicos “para ser parte da solução”, criando parcerias e sinergias essenciais em prol dos doentes.
“É fundamental transformar o SNS, tornando-o mais competitivo. Com mais literacia e educação. Mais prevenção. Mais investigação, inovação e qualidade. Com concursos e contratação pública simplificada. Com menos tarefas administrativas e burocráticas. Aproveitando as potencialidades da transição digital e da Inteligência Artificial. Com um processo clínico único e vias verdes para doenças mais graves. Mais integração de cuidados entre hospitais e centros de saúde. Mais autonomia, flexibilidade de gestão, governação clínica das unidades de saúde”. Estes foram apenas alguns dos desafios lançados por Miguel Guimarães.
O bastonário considera que é “necessário um sinal claro de que a saúde de todos nós é uma prioridade” para a tutela. “Acredito que o teremos. Porque não há economia sem saúde. Não há crescimento sem saúde. Não haverá esperança sem saúde”, afirmou.
Presidente acredita em diálogo e entendimento
Pouco depois de ter ouvido as intervenções do secretário de Estado Adjunto e da Saúde e do bastonário, o Presidente da República encerrou o congresso afirmando que, tanto pelos discursos de ambos, como pela sua leitura do programa do Governo, depreendeu que há efetivamente “uma oportunidade para um novo começo, que não pode ser desperdiçada”. O chefe de Estado referiu assim que há “ideias”, “metas”, “valores” e um “diagnóstico da situação vivida” que a “realidade tem transformado em consensual”. “Depois há divergências – pode haver divergências – mas há um espaço de diálogo imenso. Há escassez de recursos? Há, e não vale a pena escamotear. E por isso é que é fundamental saber como conjugar o que é preciso fazer no mais imediato, o que é preciso fazer a pensar no longo prazo e como compatibilizar uma coisa e outra”, considerou, em declarações aos jornalistas, depois de ter deixado o auditório da Reitoria da Universidade Nova de Lisboa, onde o 24.º Congresso Nacional da Ordem dos Médicos decorreu a 2 e 3 de abril.
Ainda na mesma sessão de encerramento, o presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos referiu-se ao tema mais discutido de todo o Congresso: o que o futuro pode trazer aos serviços de Saúde, no contexto da incorporação de tecnologias digitais. “Como foi reconhecido por vários palestrantes de diferentes profissões, os médicos são o pilar fundamental para que as desigualdades sejam atenuadas e para que os efeitos adversos ou secundários, de uma saúde digital sejam mitigados e adequadamente prescritos”, sublinhou.
Por sua vez, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Lacerda Sales, mostrou disponibilidade para “estreitar laços” com a Ordem dos Médicos em busca de novas e melhores soluções para a saúde.