Em pouco mais de quatro décadas de história do Serviço Nacional de Saúde, a sociedade portuguesa conheceu mudanças importantes em várias áreas, nomeadamente na demografia dos profissionais de saúde. O retrato dos médicos não é exceção, com o número de clínicos inscritos na Ordem dos Médicos a mais do que triplicar entre 1979 e 2021.
Em 1979, ano em que nasceu o SNS, a Ordem dos Médicos tinha um total de 18.486 médicos inscritos. Agora, em 2021, esse valor disparou para 59.697. A divisão entre homens e mulheres também conheceu importantes alterações neste período. Há 42 anos estavam inscritos 13.177 médicos e 5309 médicas, representando os médicos 71,3% do total e as médicas 28,7%. Agora, em 2021, temos 26.340 médicos (44,1%) e 33.357 médicas (55,9%).
A distribuição dos médicos nas várias regiões tem também tido mudanças. Em 1979, 52,8% dos médicos estavam inscritos na região sul, 31,0% no norte e 16,2% no centro. Agora, 46,5% estão no sul, 36,7% no norte e 16,8 no centro.
“A formação médica conheceu uma expansão muito significativa no número de novos médicos, com o maior número de médicos formados a norte a ter impacto na distribuição por regiões. Em termos de qualidade, pesem embora bastantes dificuldades que são conhecidas, a dedicação dos nossos estudantes e médicos, e de todos os professores e tutores que os acompanham neste processo, tem permitido ultrapassar o subfinanciamento e o défice no capital humano. A qualidade da medicina portuguesa é internacionalmente reconhecida”, destaca o bastonário da Ordem dos Médicos.
Miguel Guimarães adianta que “desde 2007 que o número de novos médicos disparou, registando-se nesse ano mais 1.005 novos médicos, quando na década de 90 chegaram a ser pouco mais de 200 por ano. O número tem continuado a crescer sustentadamente e, desde 2015, que todos os anos entram para a Ordem dos Médicos mais de 1.700 novos clínicos”.
“Neste dia especial, do aniversário do SNS, gostaria de deixar uma palavra de reconhecimento e gratidão a todos os médicos que de forma direta ou indireta contribuíram e continuam a contribuir para que os portugueses tenham uma melhor saúde. Uma palavra especial para todos os que foram mais afetados neste ano e meio de pandemia, em particular deixo a minha homenagem aos que perderam a vida a salvar vidas”, sublinha o bastonário.
“Temos um capital humano de excelência que faz toda a diferença nos locais onde está, seja no setor público, privado, social ou na investigação. Mas reconheço que gostaria de ver o poder político a fazer mais para que o SNS volte a ser o local de excelência onde os médicos querem desenvolver a sua carreira e o seu percurso profissional, pois o nosso problema, como se vê pelos dados, não está na falta de médicos, mas sim na capacidade de os atrair para o SNS”, reforça Miguel Guimarães.
Lisboa, 15 de setembro de 2021