O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) publicou um relatório que avalia a implementação dos planos de vacinação contra a Covid-19 dos diferentes países e em que se destaca que Portugal e a Islândia são os únicos países que ainda não estão a incluir as pessoas que estiveram previamente infetadas pelo SARS-CoV-2 nos grupos a imunizar. Esta preocupação já foi antes expressa pela Ordem dos Médicos, que apela a uma rápida revisão da norma da Direção-Geral da Saúde que impede a vacinação de quem já teve Covid-19, sobretudo para incluir os médicos e outros profissionais de saúde, que por força da sua atividade incorrem em maiores riscos.
“A pandemia tem-nos levado a tomar algumas decisões ainda em cenário de incerteza, mas desta vez temos já evidência científica suficiente para percebermos que o risco de reinfeção é real e que mesmo em quem teve formas graves da doença é possível acontecer uma nova infeção em prazos que não conseguimos determinar”, explica o bastonário da Ordem dos Médicos. “Desta forma, é urgente que se reveja a norma para podermos incluir todas as pessoas que já tiveram Covid-19 nas fases de vacinação que lhes estariam por natureza destinadas. No caso dos médicos e outros profissionais de saúde a situação torna-se ainda mais urgente pois, por inerência do seu trabalho, estão expostos ao risco e lidam com doentes frágeis que ficam também desprotegidos”, acrescenta Miguel Guimarães.
De acordo com o ECDC, há países que estão a optar por cumprir o esquema vacinal de duas doses a quem já esteve infetado, sendo que outros países estão a optar por apenas uma dose. Só Portugal está ainda a avaliar a situação e a Islândia não recomenda mesmo.
Ontem, o bastonário da Ordem dos Médicos e o Gabinete de Crise para a Covid-19 da Ordem dos Médicos já tinham reforçado a importância de serem incluídos nos primeiros grupos prioritários de vacinação os médicos e outros profissionais de saúde e as pessoas com 80 ou mais anos de idade que já tiveram Covid-19 há mais de 90 dias.
A evidência científica disponível documenta um risco crescente de reinfeção após os 90 dias, sobretudo nos indivíduos com idade igual ou superior a 65 anos e nos imunodeprimidos. É, igualmente, de considerar um aumento do risco em resultado da circulação de novas variantes.
Lisboa, 30 de março de 2021