O Relatório e Contas do Ministério da Saúde do Serviço Nacional de Saúde (SNS), conhecido este mês, revela que o SNS registou no ano passado um prejuízo de 848 milhões de euros, o que representa um agravamento de 502 milhões de euros em relação a 2017. A tutela atribui esta derrapagem nas contas a um crescimento dos gastos com pessoal e dos fornecimentos e serviços externos, bem como das mercadorias vendidas e matérias consumidas.
“No entanto, é com grande preocupação que a Ordem dos Médicos recebe este relatório. Por um lado, cai por terra a teoria das contas certas e do país exemplo que consegue manter os serviços públicos sem derrapagem orçamental. Por outro lado, se houve mais despesa no SNS – o que poderia ser positivo e até desejável – a verdade é que nunca assistimos a tanto descontentamento e continuam a proliferar as dificuldades de acesso a cuidados de saúde atempados, pelo que o dinheiro, a existir, não está a ser bem gerido”, comenta o bastonário da Ordem dos Médicos, lembrando que, em termos de percentagem do PIB, Portugal continua a comparar mal com os parceiros europeus.
Para Miguel Guimarães, “é urgente que o Ministério da Saúde analise com humildade o que está a acontecer no terreno, nomeadamente no que diz respeito aos gestores que tem vindo a escolher para as instituições, ainda que seja importante e justo dizer que esses mesmos gestores vêem-se muitas vezes impedidos de exercer as suas funções com autonomia, ironicamente por imposição do mesmo ministério que os nomeou”.
Concretamente sobre o aumento das despesas com pessoal, o bastonário sublinha que “a Ordem dos Médicos alertou, várias vezes, que o recurso excessivo e crescente a empresas prestadoras de serviços médicos não garante a qualidade que o SNS precisa e sai até mais cara ao Estado”.
2019.10.16_NI – Derrapagem nas contas do SNS demonstra má gestão