Dez chefes da urgência cirúrgica do Hospital Santa Maria reuniram na manhã de dia 10 com a direção clínica da unidade e entregaram uma carta onde se demitem, com efeitos a partir de dia 22 de novembro, caso nada seja feito para resolver a situação em causa.
Na carta entregue à direção clínica os médicos referem que o serviço tem vindo a degradar-se nos últimos anos, tendo sofrido recentemente um agravamento que levou os assistentes hospitalares a recusarem fazer mais horas extraordinárias do que as estipuladas na lei. Depois de se solidarizarem com estes assistentes hospitalares, os médicos demissionários consideram que a escala de urgência de cirurgia geral “não é exequível”.
O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães mostrou-se solidário com os colegas e considerou o pedido de demissão em bloco dos chefes da equipa como um “grito de alerta”.
“Estamos solidários com os médicos. Obviamente que irei falar com eles e irei ouvir também a administração. No meio disto tudo, queremos é resolver o problema”, apontou Miguel Guimarães à agência Lusa. De acordo com o bastonário, os médicos estão com “imensa dificuldade” em ter as equipas adequadas às necessidades do serviço, sem recorrer a horas extraordinárias por sistema.
“Os hospitais vão sempre resistindo ao cumprimento de determinado tipo de regras e de situações e vão tentando arranjar subterfúgios ou para pagar menos, ou para não pagar, ou para, de alguma forma, tentar que as pessoas façam cada vez mais horas extraordinárias até aos limites totalmente inaceitáveis”, explicou Miguel Guimarães, acrescentando que uma das soluções para este problema passa por aplicar a legislação que já existe, seja nos “limites das horas extraordinárias, seja no pagamento destas mesmas horas”.
Após ser conhecido o pedido de demissão, o Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Norte manifestou “total abertura e empenho” para melhorar as questões de organização interna identificadas na carta apresentada pelos chefes de equipa de cirurgia da urgência central, mas a verdade é que há mais de um mês que os assistentes hospitalares tinham já manifestado a sua posição, sem que nada se tivesse alterado.