A segurança que o ministro da Saúde procura imprimir às suas declarações públicas raramente se coaduna com as ações do ministério que dirige. E transparece a imagem de que o ministro decide em função da pressão.
Durante 2017 anunciou a abertura de concursos para colocação de jovens médicos especialistas. Foi necessário a Ordem, os Sindicatos e os médicos denunciarem publicamente a vergonha nacional que estes atrasos representavam para o país para a situação ser desbloqueada em 2018!
Recentemente criticamos a despesa do Ministério da Saúde (MS) com a contratação de médicos através de empresas prestadoras de serviços médicos para suprimir algumas carências do SNS. Com os mais de 100 milhões de euros gastos em 2017 podia a tutela contratar cerca de 3000 médicos, a tempo inteiro.
Dias depois o MS reagia com a publicação do Despacho 3027/2018, que estabelece que a contratação para os quadros do SNS deve ser a regra e o recurso a prestação de serviços a exceção.
Dois exemplos recentes do que tem sido a insustentável leveza da governação do ministro da Saúde: Aprisionado pelas Finanças toma decisões apenas em função da pressão interna ou externa. Um caminho que revela uma Saúde sem rumo.
Miguel Guimarães
Bastonário da Ordem dos Médicos