Os dados sobre a emigração médica em Portugal referentes aos primeiros meses de 2018 fazem prever novo êxodo de clínicos. E o Governo tem responsabilidades diretas nesta matéria.
Numa altura em que todos os indicadores económicos apregoados pelo Governo são positivos e colocam o país num lugar de destaque, é uma vergonha que se continue a subestimar a saúde dos portugueses e a desperdiçar o capital humano, jovem e motivado.
Os atrasos no lançamento de concursos para a contratação de recém-especialistas contribuem para que o país continue a ver fugir novos talentos que rumam à procura de melhores condições de trabalho no estrangeiro.
Ao olhar para tudo isto com a passividade (e cumplicidade) conhecida, o Ministério da Saúde está a lesar não só a qualidade dos cuidados de saúde prestados aos cidadãos, mas também a nossa economia.
Perdem o país e os portugueses. Que vão ver crescer os custos para ter acesso a cuidados de saúde num Serviço Nacional de Saúde (SNS) com uma capacidade de resposta cada vez mais deficitária e insuficiente.
O Governo, ao desvalorizar a carreira médica e os médicos, não protege a saúde dos portugueses como devia ser sua obrigação.
Miguel Guimarães
Bastonário da Ordem dos Médicos