Realizou-se dia 9 de junho um cordão humano que juntou mais de duas mil pessoas na defesa do Hospital dos Covões. Além da Ordem dos Médicos, estiveram presentes representantes de vários sindicatos (Sindicato dos Médicos da Zona Centro, Sindicatos dos Enfermeiros Portugueses, Sindicato Independente Profissionais Enfermagem, Sindicato dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas de Diagnóstico e Terapêutica, Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais, Sindicato dos Trabalhadores de Serviços de Portaria, Vigilância, Limpeza, Domésticas e Atividades Diversas, Sindicato da Hotelaria do Centro e a União dos Sindicatos de Coimbra), o Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos, muitos doentes e diversas organizações e partidos políticos, além de muitos médicos que se manifestam contra o potencial encerramento dos Covões.
Mesmo com a afirmação de que não se pretende fechar o hospital, mas “apenas” retirar algumas especialidades, esse desmantelamento da urgência ou desqualificação do hospital com redução de valências (referindo-se riscos para a resposta em cardiologia, pneumologia e medicina interna, por exemplo) e diferenciação, representa para muitos médicos o que definem como “o início do fim do Hospital dos Covões”, o que provocou uma onda de indignação patente neste movimento.
Muitas foram as demonstrações de solidariedade, desde um ex-diretor do serviço de urgência, que está há um ano e meio no Algarve, e que fez questão de marcar presença, especificando que o fez na qualidade de médico mas também de cidadão, à própria Ordem dos Médicos que, perante notícias que davam conta da intenção de reduzir a urgência do Hospital dos Covões a uma urgência básica ou até de um potencial fecho da instituição, declarou, através de comunicado, a solidariedade da Ordem para com o movimento que promoveu este cordão humano em defesa dos Covões. O bastonário Miguel Guimarães lamentou que já se esteja a esquecer que esta unidade tem sido uma referência no combate à pandemia, exemplo de dedicação e qualidade dos médicos e outros profissionais de saúde, acrescentando que “o SNS vai enfrentar um período de retoma muito difícil, com milhares de doentes a verem os seus problemas de saúde por diagnosticar ou a agravar perante os exames, consultas e cirurgias desmarcados”. É “impensável que o Hospital dos Covões perca diferenciação, vendo a sua urgência transformada numa urgência básica (…) com uma resposta que fica muito aquém das necessidades” da população que serve.
Também em declarações sobre esta situação, o presidente do Conselho Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, referiu não ter dúvidas que “a gradual desqualificação do ‘Hospital dos Covões’ desde a criação do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, em março 2011, prejudica não só o próprio desenvolvimento de todo o centro hospitalar como também representa uma visão minimalista do que a região Centro pode oferecer a nível nacional e internacional na área da saúde”.
A ampla adesão a esta iniciativa com milhares de pessoas presentes, comprova o que já havia sido referido por Miguel Guimarães: “Apesar de tudo o que de mau a pandemia trouxe, a verdade é que a importância e necessidade imperiosa de termos serviços de saúde públicos de qualidade saiu reforçada junto dos cidadãos. Infelizmente, parece que essa mesma perceção está, uma vez mais, a passar ao lado tanto do conselho de administração do CHUC como da ARS do Centro”, lamentou. “A Ordem dos Médicos não podia deixar de estar solidária e de se associar ao movimento” que promoveu o cordão humano em defesa deste hospital, concluiu.
A iniciativa teve como objetivo alertar a população da cidade e da região para a passagem da urgência para o seu nível básico e as implicações que essa eventual alteração teria na degradação do acesso a cuidados de saúde.