Comunicado da Ordem dos Médicos no Dia do Médico de Família – 19 de maio de 2024: quase metade dos médicos de Medicina Geral e Familiar tem mais de 65 anos
· Número de vagas para a especialidade aumentou 25% em quatro anos.
Segundo dados da Ordem dos Médicos (OM), no início de maio de 2024, estavam inscritos na OM 9003 médicos com a especialidade de Medicina Geral e Familiar (MGF). Destes, mais de 45% (4115) com idade superior a 65 anos e mais de 18% com mais de 70 anos.
Dos especialistas em MGF inscritos na OM, 5788 (64,3%) são do género feminino e 3215 (35,7%) do género masculino. Quase 96% são de nacionalidade portuguesa e estão concentrados sobretudo nos distritos de Lisboa (21,6%) e Porto (21,4%).
“Os médicos de família são um elemento fundamental dos cuidados de saúde primários e no sistema de saúde em Portugal. São muitas vezes os primeiros a quem os doentes recorrem e com eles estabelecem relações de proximidade que se prolongam em muitos momentos das nossas vidas”, refere Carlos Cortes, Bastonário da Ordem dos Médicos.
“Embora o número de vagas para a especialidade tenha aumentado consideravelmente nos últimos anos, o elevado número de médicos de MGF prestes a entrar na idade da reforma é muito preocupante”, alerta Carlos Cortes. “Se nada for feito, a carência de médicos de família vai agravar-se nos próximos cinco anos e contribuir, assim, para o aumento do número de pessoas sem médico de família.”
Segundo o portal da transparência do SNS, em março de 2024, mais de 1,5 milhões de portugueses não tinham médico de família, o que representa um decréscimo face a 2023, mas um aumento de 25% face a 2022. Comparativamente com o mesmo período de 2019, o número de pessoas sem acesso direto a médico de família mais do que duplicou.
“A celebração deste Dia Mundial ajuda a recordar o importante papel dos Médicos de Família no sistema de saúde, papel que é preciso valorizar e respeitar”, realça Paula Broeiro, Presidente do Colégio de MGF. “Infelizmente, continua a haver pouco investimento nas pessoas e no planeamento, sobretudo tratando-se de uma profissão exercida maioritariamente por mulheres”.
Para Paula Broeiro, “é fundamental flexibilizar as condições de trabalho no SNS, para permitir conciliar a vida pessoal e profissional. Só desta forma será possível compensar a complexidade da profissão e atrair mais jovens médicos e médicas, ampliando a resposta às pessoas que esperam por ter um médico de família”.
Desde 2000, o número de médicos com a especialidade de MGF quase duplicou, de 4508 para os atuais 9003. A percentagem de médicas com a especialidade de MGF também evoluiu. De pouco mais de metade (55,6%) do total, são quase 65% em 2024. Em número absoluto, o número de médicas com esta especialidade mais do que duplicou em 24 anos, de 2508 para 5788 especialistas.
Número de vagas para a especialidade aumenta, mas muitas ficam por preencher.
Em 2023, os resultados da escolha para o internato de especialidade médica revelam uma realidade preocupante para a Medicina Geral e Familiar. Das 617 vagas de MGF disponíveis, 165 (26,7%) ficaram por preencher, sendo esta a especialidade com mais vagas por preencher.
Desde 2020, foram abertas 2704 vagas para a especialidade de MGF, um crescimento neste período superior a 25% no número de vagas.