As populações minoritárias, sejam migrantes, trabalhadores do sexo, indivíduos não binários e transexuais, reclusos em estabelecimentos prisionais, coabitam no centro da discussão pública, e a sua saúde, particularmente o acesso equitativo a cuidados, depende das políticas assumidas. As jornadas tiveram como tema principal as doenças infeciosas em populações minoritárias, como reflexo do mundo em que vivemos, com linhas ideológicas geopolíticas polarizadas, em que as desigualdades sociais e culturais se extremam, um mundo que navega entre a intolerância e o estigma, por um lado, e a liberdade e o respeito pelas escolhas de vida, do outro.

Durante as jornadas discutiram-se os desafios sociais, culturais e humanos que os movimentos migratórios atuais representam para a sociedade, o tratamento do vírus da imunodeficiência humana e hepatites em populações minoritárias, bem como o seu acesso a profilaxia. Também se debateu a escassez da melhor prática médica baseada na evidência nas populações minoritárias.

O Bastonário da Ordem dos Médicos participou na sessão de encerramento do evento, destacando a importância das alterações climáticas nos novos contextos epidemiológicos e como o crescente fluxo de pessoas e bens e a sua grande mobilidade no planeta potenciam novas realidades. Carlos Cortes notou o recente aumento do sarampo na Europa que motivou um alerta do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC). A diminuição da vacinação levou a um aumento de quase dez vezes no número de casos de sarampo na Europa em 2024. O ECDC explica que quase 90% das pessoas diagnosticadas com sarampo em 2024 não estavam vacinadas contra a doença. Por fim vincou a necessidade de acompanhamento próximo e integrado das diversas minorias em Portugal, colocando-as no radar médico e científico português, aproveitando também a cada vez maior multiculturalidade da classe médica nacional.