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Congresso da OM: IA tem que estar ao serviço da relação médico-doente
O início do 27º Congresso Nacional da Ordem dos Médicos deixou bem claro que “a questão não é se vamos integrar a inteligência artificial (IA), mas sim como iremos integrar essas ferramentas” em benefício de mais e melhores cuidados de saúde, tendo como pano de fundo os imensos desafios que foram também realçados na sessão de abertura, pelo Bastonário da Ordem dos Médicos e Presidente do Congresso. Congratulando-se com a escolha do tema, “matéria extremamente importante dos nossos dias que irá marcar o nosso futuro”, Carlos Cortes enquadrou a relevância que a instituição que dirige atribui a esta área, lembrando que criou uma comissão para a IA “para nos ajudar a refletir e encontrar um caminho nesta revolução tecnológica que está hoje presente em todas as atividades humanas”. Uma verdadeira revolução, mais que uma simples evolução, que, explicou, está a assumir uma “velocidade estonteante”, nunca vista na “história da evolução da humanidade, da ciência e da tecnologia”, com avanços a acontecerem a cada dia, semana, mês. Mas é preciso, alertou, que não nos percamos na vertigem e deslumbramento dessa velocidade: “é preciso reflexão, pensar sobre o caminho”. “A IA tem características muito diferentes de tudo o que conhecemos: o ser humano teve sempre o papel predominante da decisão na ciência”, usando, é certo, “instrumentos de apoio (…), tecnologias” que dão suporte e apoiam a atividade médica, ajudando a tomar decisões. “Mas o caminho da IA é muito diferente deste” e passa pela procura da “substituição do decisor e isto, para mim, é motivo de preocupação”, assumiu. “Não estou contra a evolução tecnológica, antes pelo contrário, sou muito favorável”. Mas é preciso refletir sobre “o papel do médico, o papel da comunidade médica”, como referiu Eurico Castro Alves, presidente do Conselho Regional do Norte da OM, nesta mesma sessão. “A Ordem e a comunidade médica não podem ficar fora desta grande transformação”. É preciso tempo para refletir, para permitir o contraditório, para análise, defendeu, acrescentando que o foco será sempre “a relação médico-doente, a responsabilidade médica e o humanismo”. Porque “não concebo a medicina sem o binómio médico-doente”, nesse encontro entre “duas entidades, dois seres humanos, que sabem comunicar”, concluiu. “Que não nos deslumbremos e que não nos esqueçamos do essencial pois o que está a ser discutido neste congresso verdadeiramente é o nosso papel na medicina, na prestação de cuidados de saúde de qualidade, em resumo, o nosso contributo para a relação médico-doente e para tornar este mundo melhor”. “É isto que verdadeiramente estamos hoje e amanhã a discutir: em que medida outros instrumentos [baseados na IA] nos podem ajudar neste desígnio milenar que tantos homens e mulheres tomam como sua responsabilidade: amenizar o sofrimento e participar no desenvolvimento da nossa sociedade para um mundo melhor”. Este momento é, afiançou o Bastonário da Ordem dos Médicos, um ponto de viragem em que os médicos têm uma vez mais a “oportunidade histórica de dar um contributo para melhorar os cuidados de saúde em Portugal”, algo que não se faz apenas com a IA. “É preciso virar a página das dificuldades e dar esperança às pessoas. É também essa a nossa responsabilidade humanista, como médicos e médicas”, finalizou.
Na sessão de abertura também esteve presente Ana Correia de Oliveira, do conselho de gestão da DE-SNS, que mencionou como “estamos perante algo inovador e de futuro mas com algumas controvérsias”, frisando que “existe uma panóplia de vantagens” mas também de desafios. Ana Correia de Oliveira mencionou a necessidade de regulamentação, os recursos necessários para o uso pleno da IA, as questões éticas, entre outros. “O SNS é feito pelas pessoas, pelos médicos. E nós médicos temos o trabalho essencial de coordenação para que na IA – e em todos os setores – consigamos o melhor para o nossos doentes porque é para isso que estamos cá”, conclui a representante da Direção Executiva do SNS.
Também durante esta sessão Eurico Castro Alves defendeu a importância da liderança médica nestas questões e noutras, alertando que os médicos não devem se afastar da responsabilidade social de assumir estar nos centros de decisão, pois assim “estaremos a prestar um grande serviço ao futuro e aos colegas que virão depois de nós”.
Manuel Teixeira Veríssimo, presidente do Conselho Regional do Centro da OM, defendeu na sua intervenção precisamente que “ninguém pára a ciência e a evolução; o essencial é aproveitar delas o que de melhor nos possam dar. (…) A ciência pode fazer de nós melhores”.” O meu desejo é que a IA faça de nós melhores médicos para tratarmos melhor os nossos doentes”, conclui o representante máximo da Região Centro da OM.
Já Paulo Simões, presidente do Conselho Regional do Sul da OM, realçou o desafio que foi organizar este congresso, mencionando e agradecendo a todos, quer quem ficou nos bastidores como é o caso dos funcionários ou dos parceiros tecnológicos, quer quem aceitou dar o rosto às sessões ou patrocinar e apoiar este encontro. Que este 27º Congresso seja “um momento de partilha de conhecimentos e de experiências”, frisou Paulo Simões.
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