1º Seminário de Medicina Humanitária “Ad Auxilium 25”

Plenário inédito que ampliou o papel do GAHOM

Decorreu no passado sábado, dia 18 de janeiro, o primeiro Seminário de Medicina Humanitária - Médicos em Missões Humanitárias, Catástrofes e Conflitos, "Ad-Auxilium 25" (em latim "Ao Auxílio"), organizado pelo Gabinete de Apoio Humanitário da Ordem dos Médicos (GAHOM) no auditório da sede em Lisboa. Foi um seminário com vários objetivos, desde analisar o ponto de situação atual na área da medicina humanitária, debater considerações éticas e diplomáticas, analisar o papel dos médicos portugueses a nível nacional e global e preparar novas perspetivas. O Bastonário da OM, Carlos Cortes, abriu o dia salientado a importância do GAHOM para a OM, pois tem “tudo a ver com aquilo que é o espírito humanitário, solidário, de dedicação e de entrega da medicina a quem necessita de cuidados de saúde, independentemente de quem for e do local onde se encontrar”.

Apresentaram-se, em resumo, os quase três anos de existência do GAHOM, fundado com o objetivo inicial de apoiar o esforço na área humanitária na guerra da Ucrânia. Vitor Almeida e Olena Berezovska falaram das diferentes atividades na missão no âmbito desta guerra. Dos momentos mais marcantes realçam-se, o apoio aos refugiados, desde o acompanhamento médico de cerca de 700 refugiados para o território português, o apoio na integração dos mesmos no SNS, nomeadamente na área da pediatria e oncologia. Também foram feitas formações no contexto da capacitação de médicos portugueses e ucranianos, inscritos na OM, como por exemplo cursos TCCC (Tactical Combat Casualty Care) em cooperação com as Forças Armadas Portuguesas e a Cruz Vermelha Portuguesa. Desenvolveu-se o curso de transporte de doente crítico e a respetiva implementação na Ucrânia, vários cursos na cidade de Ternopil, a concretização do “European Trauma Course” na Ucrânia, entre outros. Vitor Almeida incentivou uma sincronização de esforços por parte do governo, da OM e da sociedade civil em torno desta área da medicina. De realçar que, apesar da situação da guerra ter despoletado o GAHOM, o seu propósito não se foca apenas na Ucrânia, mas também noutras crises a nível nacional ou internacional que possam vir a surgir e que venham a carecer de uma resposta médica coordenada com recursos humanos devidamente preparados.

Sucederam-se duas sessões sobre “Missões Humanitárias" nas vertentes de execução, teoria e operacionalização e de enquadramento legal e diplomacia em saúde, por Carla Rêgo e por Francisco Pavão, respetivamente. Carla Rêgo agradeceu à OM por um vislumbre visionário na criação do GAHOM e conjugou uma revisão de literatura de conceitos com a sua experiência em Moçambique depois do ciclone IDAI e Francisco Pavão enquadrou a questão da diplomacia em saúde global, onde os países e governantes interagem através de gestos e conversas que podem originar decisões em conjunto e inter-ajudas. Em seguida, António Pais Martins levantou questões importantes sobre ética em internamentos de cuidados intensivos, abrangendo diferentes situações desde casos de urgências singulares, situações de multi vítimas e até catástrofes.

Na parte da tarde, dividiu-se a plateia em três grupos de trabalho diferentes que se propuseram a pensar e elaborar planos sobre 3 temas, um com um plano formativo, o segundo em como certificar competências na Medicina Humanitária e o terceiro incidiu no voluntariado médico. No fim, estes grupos reuniram-se no auditório para expor o que discutiram e que medidas consideraram importantes para, posteriormente, elaborar-se um documento para ser apresentado ao Bastonário da Ordem dos Médicos e ao Conselho Nacional, com recomendações que resultaram deste seminário.

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