Uma delegação da OM, liderada pelo bastonário Miguel Guimarães, visitou na manhã desta terça-feira, dia 28, o Centro Hospitalar Universitário do Algarve, em Faro, para comprovar alguns dos maiores problemas de saúde na região algarvia, tais como a escassez de médicos e a falta de fatores de atratividade para jovens especialistas, uma vez que o plano de mobilidade especial projetado pelo Governo acabou por falhar. A visita veio confirmar a carência de médicos especialistas no Algarve, nomeadamente no bloco de partos e nas áreas de Radiologia, Anatomia Patológica, Urologia, Hematologia, Ortopedia, Neonatologia e Anestesiologia, entre outras.
Miguel Guimarães foi acompanhado por Alexandre Valentim Lourenço, presidente do Conselho de Regional do Sul da OM, Ulisses de Brito, presidente da Sub-Região de Faro da OM, Maria João Nobre, membro da Assembleia de Representantes da Sub-Região de Faro, Catarina Perry da Câmara, presidente do CNMI, Ana Luís André, do CNMI, Menezes da Silva, presidente do Colégio da especialidade de Cirurgia Geral e Carlos Monteverde, representante do Colégio de Especialidade de Medicina Interna.
Durante a visita, o representante máximo da OM lamentou as desigualdades territoriais e defendeu a necessidade de contratação de especialistas, realçando como “inaceitável” que o Algarve não tenha um serviço de cirurgia pediátrica, uma vez que apesar de existir um especialista dessa área no CHUA, o respetivo serviço não está estruturado e acaba por ocorrer a transferência de doentes para outras unidades hospitalares. “Não é aceitável que crianças que poderiam ser tratadas cá, seja em contexto de urgência, seja de cirurgia programada, tenham de se deslocar 300 quilómetros para ir a Lisboa”, frisou o bastonário.
Ulisses de Brito apontou aos jornalistas outro dos grandes problemas da região ao afirmar que os serviços não estão estruturados, nem em termos de equipamentos, nem em termos de recursos humanos para o aumento exponencial da população que acontece no verão. O representante local da OM enalteceu a proximidade do bastonário em relação às sub-regiões e, especificamente, ao Algarve, “o nosso objetivo é tratar o melhor possível os doentes”, concluiu.
Para que o melhor tratamento dos doentes seja possível, Miguel Guimarães sugeriu que o Governo deve usar “os mesmos argumentos em termos de incentivos” para fixar os cidadãos que residem em Portugal e não apenas para os que emigraram. Essa medida representa uma “desigualdade naquilo que é a possibilidade de tentar fixar médicos, nomeadamente nas áreas mais carenciadas, como é o caso do Algarve”, salientou o bastonário. Por outro lado, afirmou, Portugal precisa de ter “capacidade concorrencial” com a Europa e com o setor privado – que no Algarve é “muito forte” – sob pena de continuar a perder alguns dos seus melhores valores na Medicina.