A Mostra de Especialidades Médicas (MostrEM) – organizada pelo Conselho Nacional do Médico Interno nas três secções regionais da Ordem dos Médicos (OM) – iniciou-se, este ano, pelo Sul. No dia 20 de setembro, na sessão de abertura, o bastonário da OM dirigiu-se aos jovens médicos enaltecendo “o papel decisivo que os médicos internos têm no Serviço Nacional de Saúde”. Miguel Guimarães recordou a génese do SNS, “construído por médicos” que desenvolveram a carreira médica, mudando assim “a forma como a saúde” funcionava em Portugal. Nessa altura, “passou a haver acesso a cuidados de saúde em todo o país, passámos a ter a formação dentro do SNS e isso teve um impacto muito grande”, tanto na qualidade da formação como na dos serviços de saúde.
“Se porventura amanhã os médicos internos deixassem de trabalhar no SNS”, a situação seria insustentável e muitos serviços viriam a colapsar. O bastonário lembrou ao auditório que os internos “não estão só a aprender”, mas também a “ensinar”. Porque a “interação entre médicos internos e médicos especialistas leva a que o SNS seja de facto o serviço que temos no nosso coração. Porque é onde fazemos a nossa formação, trabalhamos em equipa e permanecemos atualizados”, considerou.
Ciente de que este caminho que agora se abre para os novos colegas é “muito importante”, Miguel Guimarães não poderia deixar de salientar que a evolução frenética – consequência da inovação tecnológica – tem um forte impacto nas especialidades médicas. Algumas poderão deixar de existir, outras poderão surgir e muitas, quase todas, terão de se adaptar. Essa inovação na medicina terá de ser levada em conta na escolha da especialidade. Citando Steve Jobs, o bastonário motivou os jovens a pensarem pela sua própria cabeça e a tomarem decisões seguindo o coração e a intuição.
O presidente do Conselho Regional do Sul, Alexandre Valentim Lourenço, sugeriu que os internos perspetivem o que as especialidades “serão no futuro”. O dirigente apontou “a permanente influência das novas tecnologias” como um fator de mudança na medicina, o que irá alterar, por exemplo, “a forma como os médicos fazem diagnóstico”. Já o presidente do Conselho Nacional do Médico Interno, Carlos Mendonça, sublinhou a importância da adesão dos especialistas e dos internos de cada especialidade à realização da iniciativa, que se estende a todo o país, com programas autónomos em cada uma das regiões da Ordem dos Médicos.
A edição deste ano da mostra de especialidades médicas do Sul realizou-se com base no auditório da Ordem dos Médicos, em Lisboa, mas a esmagadora maioria dos inscritos seguiram a apresentação das especialidades por via digital.