Em entrevista à Agência Lusa, Miguel Guimarães considerou que a a vacinação em Portugal “teve uma quebra brutal em termos de velocidade” e que o Governo ignorou os sinais de alerta ao desacelerar o processo.
O bastonário da Ordem dos Médicos recordou que já havia alertado, “há um mês”, para a necessidade de “acelerar o processo de vacinação porque, basicamente, estava parado”.
Sabendo-se que as principais vacinas, “a partir do terceiro/quarto mês, começam a não ter a mesma eficácia e ao sexto mês a eficácia já fica às vezes abaixo de 50%”, o bastonário não compreende a desaceleração do processo.
Atualmente, na terceira dose da vacinação, Portugal já não está “no topo a nível da Europa nem a nível mundial”, apontou Miguel Guimarães. “O facto de termos tido 86% das pessoas vacinadas (…) não nos garantia que estávamos todos protegidos ad eternum”, notou, realçando que já se sabia isto quando o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo saiu da coordenação do processo de vacinação, no final de setembro.
Simultaneamente, o bastonário faz ainda uma “chamada de atenção fundamental” sobre as prioridades na vacinação.
“É mais importante vacinar as pessoas com mais de 65 anos [cerca de 300 mil] e depois as pessoas com mais de 50, [que] são muito mais prioritárias do que, por exemplo, as crianças”, distingue. “Nem é comparável. A prioridade, desde sempre, e mantém-se (…), não foi alterada: é pelas idades. De facto, a mortalidade ou letalidade e a gravidade da doença são muito maiores nas pessoas mais velhas do que nas pessoas mais novas”, destacou.
Reconhecendo que os portugueses estão “bastante protegidos”, porque “a vacina diminui a letalidade pelo menos cinco vezes”, o bastonário realçou que as “muitas pessoas que também estão a ter doença grave e que estão vacinadas (…) já foram vacinadas há mais de seis meses”. Daí ser “fundamental” ter isso em conta nas medidas a adotar.
“A medida principal continua a ser duas: a vacina e a máscara”, resume. “A variante Ómicron não passa a máscara. (…) Ela pode ser mais resistente à vacina, mas (…) a dificuldade que tem de passar a máscara é igual à Delta e às outras variantes todas e aos outros vírus todos”, concluiu.