O Bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, concedeu, na terça-feira, dia 2 de janeiro, uma entrevista ao programa 360, da RTP 3, onde abordou o estado do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e a carta aberta subscrita por mais de mil médicos em defesa do SNS e a criticar a revisão do Estatuto da Ordem dos Médicos.
O final do ano trouxe urgências ainda mais lotadas e longas horas de espera nos hospitais e centros de saúde do SNS, uma situação que vem sendo recorrente, mas que se adensou com a chegada do inverno. Carlos Cortes diz-se “surpreendido e preocupado” com a incapacidade do Ministério da Saúde para prevenir uma situação que acontece todos os anos.
O Bastonário da Ordem dos Médicos notou que todos os invernos o número de pessoas que recorre às urgências aumenta, pelo frio que se faz sentir, mas que a resposta que tem sido dada “não é a adequada para as pessoas que precisam dos cuidados de saúde”. O dirigente da Ordem considerou que existe “falta de preparação” por parte da tutela para um cenário previsível e que o “plano proposto é insuficiente”, tendo também criticado a normalidade com que são encaradas este tipo de situações. O Bastonário pediu “mais organização e a captação de médicos” para inverter o panorama atual do SNS, que se tem vindo a degradar “de forma exponencial em todas as suas vertentes”.
Em relação à carta aberta, Carlos Cortes afirmou que a alteração das competências da Ordem “compromete a independência técnico-científica” da instituição que lidera e coloca em causa “aquilo que Portugal construiu nas últimas décadas em termos de qualidade da Medicina”.
O Bastonário assegurou que a Ordem “fez de tudo para sensibilizar o Governo” para as consequências negativas da alteração ao Estatuto da Ordem e que tudo fará para travar uma mudança negativa para a formação médica em Portugal, lembrando que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, partilha as “mesmas preocupações da Ordem e dos Médicos”.