A ocorrência do período festivo de Natal e Passagem de Ano fazia prever que houvesse um aumento do número de casos, cuja magnitude iria depender das medidas implementadas. Com esta informação e mesmo perante uma elevada incidência diária e significativa pressão nos serviços de saúde, entendeu o Governo tomar a decisão política de aliviar as medidas de contenção. Concomitantemente, foi implementada uma estratégia de comunicação, focada no anúncio e início da vacinação e que terá contribuído para a redução da perceção do risco por parte da população.
Neste contexto, o Bastonário e o Gabinete de Crise para a Covid-19 da Ordem dos Médicos manifestam:
1. Apreensão pela rutura evidente do SNS com consequências graves para todos os cidadãos que dele necessitam, independentemente do motivo de doença;
2. Preocupação pela contínua exigência aos médicos e a todos os profissionais de saúde, já exaustos, e a que acresce a deterioração das suas condições de trabalho, a falta de recursos, o burnout e o sofrimento ético;
3. Que o impacto da vacinação na comunidade não é imediato, pelo que o alívio das restantes medidas de saúde pública não poderá avançar enquanto não for atingida a cobertura vacinal adequada.
Assim, no momento atual de atividade pandémica, lamentam que não tenham sido mobilizados em tempo útil os recursos humanos, técnicos e infraestruturais que existem no setor da saúde em Portugal e constatam que o controlo da situação pode obrigar a ponderar novos confinamentos, devido à ausência de alternativas e em moldes a definir. Reconhecendo as consequências económicas e sociais que daí resultam, o Bastonário e o Gabinete de Crise para a Covid-19 da Ordem dos Médicos reafirmam o imperativo de recuperar o SNS e proteger a saúde e a vida dos portugueses.
Lisboa, 09 de janeiro de 2021