Na hora de subir ao palco para protagonizar a Conferência António Robalo Cordeiro, no âmbito do 12.º Congresso de Pneumologia do Centro-Ibérico, o bastonário da Ordem dos Médicos foi surpreendido pelo presidente do Congresso. Carlos Robalo Cordeiro entregou a Miguel Guimarães a Medalha do Congresso, que nesta edição está a decorrer em Viseu, como forma de homenagem por todo o trabalho que tem desenvolvido em nome dos médicos, em particular nestes tempos de pandemia.
Depois do momento simbólico, o bastonário começou a conferência subordinada ao tema “O Papel da Pneumologia na Atualidade”. Miguel Guimarães começou por enumerar vários dos projetos que a Ordem dos Médicos desenvolveu no último ano e meio, nomeadamente o Movimento Máscara Para Todos, o projeto solidário Todos Por Quem Cuida, o Movimento Saúde em Dia, o Indicador de Avaliação do Estado da Pandemia, o primeiro ventilador português com certificação europeia, o Gabinete de Crise para a COVID-19, entre vários prémios. O bastonário explicou que, em comum, estes projetos tiveram sempre a importante participação de pneumologistas, recordando que Carlos Robalo Cordeiro, António Diniz e Filipe Froes fazem parte do Gabinete de Crise.
“Vocês estiveram no terreno desde a primeira hora”, vincou Miguel Guimarães, que destacou a importância que os pneumologistas tiveram nas várias linhas de atividade, mas sobretudo evitando que doentes críticos chegassem aos cuidados intensivos, apoiando-os com oxigénio de alto fluxo e ventilação não invasiva em unidades de cuidados intermédios. Para o bastonário, o desafio está, contudo, por completar. Se o tabaco e a poluição eram já desafios para doenças como o cancro do pulmão e a doença pulmonar obstrutiva crónica, Miguel Guimarães acredita que as sequelas da chamada Long COVID vão exigir ainda mais da especialidade.
“As doenças respiratórias transmissíveis fazem parte do vosso ADN”, prosseguiu, lembrando patologias como a tuberculose. Aliás, muitas das principais causas de morte a nível mundial, no “top 10”, são da área direta da pneumologia: DPOC, pneumonia, cancro do pulmão e tuberculose. “Temos grandes desafios que vão ser mais agudos e persistentes”, frisou, apelando a que alguns dos hábitos criados durante a pandemia possam ser mantidos para reduzir a poluição e melhorar a qualidade do ar.
“Os verdadeiros líderes do combate à pandemia foram os médicos. Quero exprimir aqui publicamente a minha gratidão. Esta pandemia foi uma vitória da ciência”, concluiu o bastonário, criticando a inclusão das terapêuticas sem evidência científica na Lei de Bases da Saúde. Miguel Guimarães terminou com uma referência ao futuro e ao que se espera em termos de evolução, com soluções mais baratas, mais rápidas e melhores, que nos vão permitir tratar grande parte das doenças que conhecemos, mas permanecendo as doenças infeciosas como grande desafio – como antecipava a capa da Time, de fevereiro de 2011, quando dizia que o ser humano seria imortal em 2045, quando os óbitos seriam por envelhecimento celular mais do que por outras causas, com exceção das doenças infeciosas.