O Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos contra a Covid-19 nasceu em janeiro de 2020, numa altura em que a Organização Mundial de Saúde não tinha sequer declarado a pandemia, e foi uma estrutura determinante nos alertas que lançou e nas recomendações que fez, para garantir que Portugal respondia melhor a esta emergência de saúde pública internacional.
A pandemia ainda não terminou, mas numa altura com a quase totalidade da população portuguesa vacinada contra o SARS-CoV-2 e/ou imunizada pela doença Covid-19, e em que caminhamos para uma endemia, entrámos definitivamente numa nova fase, pelo que o Gabinete de Crise cessa formalmente as suas funções habituais, e vai ser transformado para responder às necessidades do presente e do futuro.
O bastonário da Ordem dos Médicos agradece publicamente a todos os elementos do Gabinete de Crise o contributo ímpar que deram aos portugueses ao longo destes dois anos. “Composto por médicos especialistas de várias áreas, designados a nível nacional, o gabinete contribuiu, desde o primeiro momento, para acompanhar as práticas internacionais e nacionais e para recomendar para Portugal as medidas mais prementes de combate ao crescimento do então novo coronavírus, sem esquecer as outras doenças que continuavam a exigir resposta”, lembra Miguel Guimarães. “Do encerramento das escolas à defesa das máscaras em espaços interiores, depois em espaços exteriores, passando pela defesa da vacinação em grandes centros e priorizando o critério idade, foram muitos os momentos marcantes em que os especialistas do gabinete anteciparam o que veio a ser necessário”, reforça o bastonário. “O Gabinete de Crise contribuiu de forma única para o esclarecimento da população e para a adesão às medidas necessárias em cada momento, tendo sido provavelmente a estrutura mais sólida e consistente na forma como acompanhou as diferentes fases da pandemia”, acrescenta.
Miguel Guimarães lembra, ainda, que, por proposta do Gabinete de Crise, foi também possível criar sinergias com o Instituto Superior Técnico para desenvolver o Indicador de Acompanhamento da Pandemia, uma alternativa à matriz de risco que permite acompanhar de forma mais rápida e completa o impacto da pandemia e que nesta fase de retirada das restrições tem-se revelado, uma vez mais, muito útil – permitindo sugerir semanas antes muitas das medidas que viriam agora a ser acolhidas pelo Governo. “Em tempos tão desafiantes, foi para mim um privilégio ser bastonário e acompanhar de perto a qualidade e resiliência com que os nossos médicos responderam a um inimigo desconhecido, tanto no Gabinete de Crise como em todas as estruturas da Ordem, nomeadamente nos Colégios, e outras estruturas onde temos representação, mas sobretudo nos cuidados diretos no terreno. A medicina portuguesa sai dignificada e merece ser valorizada, em nome do interesse dos doentes”, conclui o bastonário, garantindo que “a Ordem dos Médicos continuará atenta às principais necessidades da saúde em Portugal e intervirá neste e noutros temas sempre que for necessário defender os doentes e a qualidade e equidade numa área estruturante para a sociedade”.
Lisboa, 22 de fevereiro de 2022