O Relatório Anual de Acesso aos Cuidados de Saúde nos Estabelecimentos do SNS e Entidades Convencionadas, relativo a 2018 e divulgado esta semana, indica que o número de cirurgias no SNS aumentou devido a um maior recurso aos setores privado e social. Para o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, estes indicadores demonstram que “a capacidade de resposta do SNS está cada vez mais fraca”.
De acordo com o relatório, citado pela agência Lusa, o número de cirurgias aumentou em 2018 e atingiu o valor mais alto de sempre, com quase 595.000 doentes operados no Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas este crescimento deveu-se sobretudo ao recurso aos privados e setor social. Os dados de 2018 indicam que nos hospitais convencionados foram realizadas 30.962 cirurgias (24.608 em 2017) e nos protocolados 34.258 (29.660 em 2017).
O bastonário, numa reação à rádio Antena1, referiu que esta tendência “significa que o SNS, como foi idealizado e como nós o conhecemos, está a perder as suas características principais” em termos de resposta universal e equitativa. Miguel Guimarães considera que é urgente reforçar o SNS, apelando a que os governantes e políticos não se distraiam com leis e que se concentrem no essencial, lembrando também que os tempos de espera para consultas e cirurgias continua muito acima do aceitável.
A título de exemplo, menos de metade (42%) das consultas de neurocirurgia respeitaram os Tempos Máximos de Resposta Garantidos (TMRG), uma percentagem que sobe para 49,6% nas consultas de dermato-venerologia e para 51,2% nas de oftalmologia.